outubro 28, 2009

suspiros


eu te reconheci de longe. aliás, eu te reconhecia de longe já fazia tempo; mesmo se aos olhos de outras garotas você poderia parecer banal e não fazer nenhuma diferença no meio das outras pessoas.

mas há dois anos atrás eu apenas te avistei, não te conhecia. e lá estava eu, dois anos depois sentindo o mesmo frio no estômago na espectativa de te ver.

dois anos que você dia após dia conseguia cultivar esse sentimento lindo, essa paixão que eu tinha por você. às vezes você me obsecava tanto que eu chegava a acreditar que eu tinha uma paixão realmente doentia por você. mas no final eu descobri que você apenas me fascinava cada dia mais, me mostrando novos ângulos de ver o que eu já conheço, me mostrando coisas novas, me acompanhando... e que era com você que eu queria estar.

nós passamos por altos e baixos durante esses dois anos. desde os gritos durante as nossas brigas quando nossos caráteres fortes se batiam, até os "eu te amo" sussurados no ouvido depois de um dia cansativo. dos almoços em família, aos jantares íntimos; eu não acredito até hoje que você tinha reservado uma mesa naquele restaurante chic só porque tinha moules frites à la crème e você sabia que era um dos meus pratos prediletos (mas te ver vestido de terno, foi o charme da noite! me senti uma Meg Ryan da vida). aliás, não só o jantar no restaurante, mas você tentando cozinhar pra mim foi realmente... engraçado e muito bom.

eu lembro da nossa crise dos 7 meses, quando você disse aquele monte de coisas horríveis. eu sei que eu mereci, tinha sido um lixo de namorada nesses dias, achei que, como já era regra pra mim, a hora do enjôo tinha chegado e que tudo ia acabar; que o período do meu sentimento tinha chego à data de expiração. eu te deixei com raiva, e estou ciente disso.

como quem não quer nada, eu dei essas minhas (famosas) indiretas à respeito do meu enjôo: do que acontecia, de quando eu me distanciava etc. e falei bem no tempo em que minha ausência tinha sido mais presente do que eu. eu achei que ir de mansinho seria a forma menos dolorosa de colocar um ponto final. você me conhecia bem e tinha o dom de saber que atrás da minha carapaça eu escondia alguma coisa.

você sabia que ficar com a mesma pessoa durante 7 meses pra mim era um recorde. e que, como eu já tinha repetido várias vezes, eu tinha criado um carinho e uma dependência enorme de você. você tinha chegado ao mais fundo de mim. como eu sempre dizia que era um yogurte natural à temperatura ambiente com calda de morango embaixo, na minha cabeça você tinha chegado na parte do morango. a gente tinha passado tanto tempo junto, descobrindo coisas um do outro, descobrindo coisas juntos, conversando e confessando, que você sabia que distanciar alguém era uma forma de reflexo minha. você diz que é o meu medo tendo efeitos colaterais e não parecendo exatamente medo. você me disse que achava que era quando eu estava tão apaixonada que eu tinha medo que a pessoa conseguisse me machucar. e aí então eu fugia. você sabia tudo - não, quase tudo sobre mim, e na maioria das vezes tentava entender.

você no começo manteu a calma e foi no meu jogo, continuou com as indiretas. até o momento em que eu comecei a ser grosseira e desagradável, foi aí que você, como as pessoas costumam dizer, tinha realmente perdido a linha. você jogou muitas coisas na minha cara, entre elas, você disse que "CARALHO, VOCÊ NÃO PRECISA JOGAR INDIRETAS PRA FALAR QUE ENJÔOU DE MIM E QUE NÃO QUER MAIS VER A PORRA DA MINHA CARA, EH SOH FALAR!"; e eu, orgulhosa como sou, logo que vi uma lágrima cair, virei as costas e fui embora. você não veio atrás de mim - orgulhoso também.

eu cheguei em casa, mesmo sendo difícil de chegar até lá quando a minha vista - embaçada pelas lágrimas que insistiam em cair dos meus olhos - não me deixava ver claramente as placas, luzes e esquinas de ruas onde virar. eu entrei em casa, e me tranquei no meu quarto, como é típico de uma adolescente. não quis falar com a minha mãe.

eu chorei, chorei e solucei. você tinha me jogado na cara tudo que eu não queria enxergar. e eu que tinha ido te ver no intuito de terminar e voltar mais leve pra casa, e volto chorando porque não quero mais te perder.

não quero mais te perder? é, percebi isso quando desabafei com a minha amiga, quando contei tudo pra ela. ela queria ir correndo te dizer poucas e boas, mas eu disse pra ela fica quieta e deixar como está. essa minha amiga me ajudou muito e eu a agradeço até hoje. mas ela não ajudou do jeito que eu estava precisando, e a culpa definitvamente não era dela. era minha. e por parte, sua também.

foi exatamente aí que eu percebi a minha dependência de você. que por mais que ela dissesse palavras reconfortantes, as únicas palavras que iriam me acalmar seriam as suas. eu odiava depender das pessoas, e ainda odeio, e naquele momento, eu vi que a coisa tinha ficado séria. eu realmente dependia de você mais do que eu pensava. eu chorei pensando que era o fim, e que eu que tinha causado tudo. pensei em como eu ia jogar fora esses 7 meses incríveis com você, que apesar das brigas extremamente bestas, tinham sido os melhores que eu já tinha passado. foi só a nossa convivência diária, ou não convivência, os telefonemas, as ligações no nosso círculo de amizade diário, as coisas em comum que nos fizeram descobrir diferenças nem tão comuns, e essas milhares de coisas, que fizeram com que a gente se entendesse, que fizeram com que você conseguisse descobrir mais de mim, que fez com que você conseguisse sarar as minhas feridas, os meus complexos. foi aí que eu percebi a sorte que eu tava jogando fora. foi aí que eu percebi que eu poderia viver sem você, mas que se eu não te tivesse mais junto comigo essa vida perderia o brilho que você colocava.

depois de uma semana, eu deixei meu orgulho de lado. eu não sabia mais o que estava acontecendo, a gente não tinha terminado, mas não sentia mais que estávamos juntos; e todo dia eu sentia falta de ouvir a sua voz rouca dizendo "alô", reclamando dos seus professores e do quando eles acham que "você não tem mais o que fazer", eu não conseguia mais ouvir uma música do Dashboard Confessional sem lembrar, a cada palavra cantada pelo Chris Carrabba, de um momento com você ou de um sorriso seu. ent~~ao, eu te liguei e marcamos um encontro no parque.

no começo foi estranho, a gente tentava agir normalmente, mas ambos sabiam que de normal nem as aparências eram mais. eu te pedi desculpas, e te contei tudo que eu sentia, tudo que eu percebi, tudo que eu pensei, até porque você sempre preferiu que eu te dissesse a verdade nua e crua ao invés de escondê-la com mentiras maquiadas; e eu sempre me senti segura te contando até as coisas mais patéticas sobre mim, o melhor era saber que era recíproco.

foi aí que você me contou que aquilo te machucou, que você não suportou ver que a enjoação tinha acontecido com você. você me disse que achava que era o cara que me faria superar isso, o cara que tinha entedido e que iria me levar até a solução, que tudo entre nós dois tinha sido diferente do que com qualquer outro cara com eu tinha tido um relacionamento mais ou menos estável. você me surpreendeu - como sempre - dizendo as coisas que eu queria ouvir, com a maior naturalidade, e tava na cara de que não era calculado, e que você não dizia apenas porque era o que eu queria ouvir, mas porque era o que você sentia. você tinha simplesmente ficado com raiva. e se desculpou também. você admitiu que tudo que você tinha gritado, berrado, era mentira, que você me amava bem no sentido e com o significado da palavra "amor".

acho que foi a nossa briga mais séria, em que eu tive que perceber o quanto eu precisava de você, só vendo que eu realmente corria o risco de nunca mais sentir o seu perfume pra me acalmar.

eu amo quando você me enrola nos seus braços, faz com que eu me sinta segura, me faz sentir o calor dos nossos dois corpos unidos, quase formando um só. eu adoro o jeito negligente que você tem de passar a mão no seu cabelo, jogando-o pra trás; e eu adoro enrolar nos dedos essa mecha que insiste em cair na frente dos seus olhos. eu amo quando a sua boca toca a minha, eu estremeço a cada vez que o seu dedo toda qualquer lugar do meu corpo. você me faz sentir uma deusa, a mais bonita, a melhor. me faz sentir que não importa o que aconteça, tudo vai ficar bem se você estiver comigo.

você interrompeu todos esses meus pensamentos quando eu cheguei perto de você e vendo meus olhos perdidos ainda quando eu estava me aproximando, me deu um beijo na testa e disse:

- viajando no seu mundo de novo, meu amor?

e eu pensei: meu deus, definitivamente, é ele.

Um comentário:

Fernanda Spinosa disse...

marcando presença aqui também!! vou lendo, dps falo... gostei desse!!! :) uma beeija, abigaa... dein ty abul!