dezembro 23, 2009

tempo


e quando o assunto é o tempo, existe uma quantidade infinita de "ou's" e "se's". o tempo passar e a gente não pode fazer nada.

existem tanto aqueles momentos deliciosos que nós não queríamos que acabasse nunca (seja pela presença de alguém, pela simplicidade ou grandeza do momento ou apenas por uma palavra) quanto os momentos que nós desenvolvemos um desejo súbito, que vem do fundo de nossos seres, de que acabe logo.

e, como já era de se esperar, eu quero o meio-termo, café com leite. quero viver o agora aqui, mas depois quero viver o agora lá, e experimentar todas as possibilidades. eu quero tudo, e também não quero nada; ter tudo poderia não ter graça nenhuma, não é?

eu não agüento mais esperar, eu quero fazer acontecer. talvez a solução seja essa, deixar de lado essas coisas, e fazer minha vida acontecer. agora.

dezembro 20, 2009

caos


ela abriu os olhos. e depois fechou-os com força, querendo dormir de novo, querendo voltar apara o sonho. um sonho. um sonho que tantas vezes e tantas noites o seu subconsciente insistia em fazê-la sonhar. e ela não achava nada de mal nisso, ela só queria passar do "sonho de uma noite" para "realidade eterna".

ela tentou não pensar. se concentrou no aconchego do edredom, no calor morno e agradável de seu corpo, a tranquilidade que isso tudo deveria trazer pra ela.

mas isso só a fazia pensar mais ainda nas lembranças, no quanto o aconchego, o calor morno e a tranquilidade seriam melhores lá, e não nesse lugar em que a sobrevivência interior era tão... tão... torturante. não era o ideal, e ela sabia que ali nunca seria o lugar dela.

já que nem em sua própria cama ela encontrava a calma, ela se levantou, e mesmo com as pernas cambaleantes, doídas e cansadas, foi até a cozinha e procurou qualquer álcool barato, forte o bastante pra fazer sua cabeça girar, e forçá-la a dormir.

talvez ela não sonhasse, dessa vez.

dezembro 19, 2009

Caio Fernando de Abreu

adoro esse.
traduction: você pode não ser o primeiro dela, o último, ou o único. ela amou antes, ela vai amar de novo. mas se ela te ama agora, o que mais importa? ela não é perfeita - você também não, e vocês dois podem não ser perfeitos juntos, mas se ela conseguesse te fazer rir, fazer você pensar duas vezes e admitir que cometer erros é humano, agarre-a e dê à ela o máximo que você puder. ela pode não pensar em você durante todos os segundos do dia, mas ela vai te dar uma parte dela que ela sabe que você pode quebrar - o seu coração. então não machuque-a, não mude-a, não a analize e não espere mais do que ela pode te dar. sorria quando ela te faz feliz, deixe-a saber quando ela te deixa louco, e sinta a saudade dela quando ela não estiver com você.

*

"E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom pra você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente
o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo, no tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que o amor não começa quando o nojo, a higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpa, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se o amor for a coragem de ser bicho. Se o amor for a coragem da própria merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também."
Caio Fernando de Abreu.

dezembro 17, 2009

tudo bem?


você já percebeu que, geralmente, quando as pessoas perguntam "tudo bem?", não é porque elas realmente querem saber como você está?

digo, a maioria das pessoas. os conhecidos e semi-conhecidos, os amigos de verdade geralmente têem o maior prazer em te ouvir falando, falando e falando sobre os seus problemas, sentimentos, e sentem um praver maior ainda e te ajudar.

enfim, esse post não é um post pra falar que as pessoas só perguntam "tudo bem?" por educação e "por que?" quando você diz que não pra fazer um social. e sim pra falar o quanto o meu "tudo e você?" tem sido falso. e se você não gosta daqueles posts de desabafo, esse não é o seu lugar.

nos últimos dias, dizer que eu me sinto vazia seria quase pleonasmo. dentro de mim não reside mais nada, apenas o meu amor por ele e as amizades de ouro. mesmo se você gritar lá dentro, sacodir, pedir misericórdia por um sinal de vida, tudo que você vai conseguir é ouvir o eco da sua voz que se forçou inutilmente. esse vazio aqui dentro é devido a uma falta. uma falta enorme. uma falta do que é meu, do que eu deveria viver, do que eu vivi e tive que largar, da vida que eu acho que preferia ter.

eu me sinto vazia, eu tento me encontrar em todo lugar, me procuro em cada canto empoeirado desse cômodo que não contém mais nenhum móvel. esse cômodo é o meu interior. eu procuro, à toa, algo aqui dentro que me faça lembrar da razão, de uma razão plausível pra continuar a suportar cada martelada nesse prego sendo enfiado no meu coração.

eu me perdi. eu virei uma insatisfeita, sou insaciável e não sei mais o que eu quero, mas eu fico revoltada por não tê-lo. eu queria apenas um vento, talvez uma brisa, ou até um sopro de vida que fizesse reagir e devolver a vida ao que restou aqui dentro, ao que restou de mim, do que eu fui e do que eu sou.

talvez pensem que é apenas uma crise de adolescente, que é apenas uma insatisfação brava do tipo Holly Golightly, e talvez seja. mas é horrível. vocês sabem qual é a impressão de não se sentir mais viva? de sentir que você apenas atravessa os seus dias? de não se sentir no seu lugar? se você sabe, então você me entende e sabe o que eu tô sentindo.

não pensem que eu sou uma morta-viva, que estou com olheiras e ando com o cabelo na frente da cara que nem uma corcunda. aliás, quem me vê nem percebe que eu estou meio mal. eu sorrio e rio normalmente, mas eu não sinto prazer nenhum nisso, eu sempre sinto que tem algo errado; e ninguém nunca vai saber ou perceber se eu não disser.

eu cansei de me sentir assim. eu cansei de me sentir um lixo. eu cansei.

P.S.: que deprimente.

dezembro 06, 2009

pas parfait.


esse sentimento que você sente antes de dormir pensando nele. a falta que você sente quando uma música, uma letra, um objeto ou um lugar te fazem rememorar toda a história de vocês. quando, apesar das armadilhas, das esperas, apesar dos silêncios, das ausências, você ainda tem esperança. quando sem problema nenhum você o aceita como ele é, mesmo se você sabe que ele não é perfeito. a vontade de passar o tempo todo nos braços dele. aquela bola na barriga só na idéia de vê-lo. o vazio no seu espírito quando ele te olha nos olhos.

a felicidade que você sente quando ele te beija no pescoço. a sensação de estar protegida quando você está com ele. a impressão de que não tem mais nada ao redor quando você o vê. a perda de palavras quando você o olha. o sorriso que você tem quando ele te diz que é com você que ele quer estar. os arrepios quando ele coloca a mão dele nos seus cabelos. o sentimento bom quando você enconsta a cabeça no peito dele, e sente aquele cheiro bom dele, que parece ser como a sua própria marca de heroína. quando parece que nos braços dele, qualquer problema é insignificante. a impressão de que o tempo passa muito mais rápido na presença dele.

a vontade de recomeçar mesmo se você tem medo. de retomar os riscos...