maio 30, 2011

Acontece que entre o ainda-não-é-hora e nossa-hora-chegou, muita gente se perde. Não se perca, viu ?

Caio Fernando Abreu

maio 19, 2011

Cartas

Eu estava ali, batendo a ponta da caneta no papel, tentando pensar no que escrever. Durante esses dias tinha te escrito tantas cartas. Na minha cabeça. E em todas elas eu te dizia coisas que talvez eu nunca diga de verdade. Mas de frente ao papel, não saia nada e aquelas linhas me torturavam. Eu queria e insistia em escrever algo. Maldita teimosia. De certa forma, eu tinha cansado de todas aquelas palavras estarem apenas no pensamento. Queria compartilhar com a caneta. Já que provavelmente não teria coragem o suficiente pra te entregar a tal da carta. Talvez fosse intenso demais, expressivo demais, impulsivo demais, assustador demais pra que eu pudesse deixar alguém ler. Ou até você.
E foi então que eu comecei a tentar organizar todas aquelas letras, palavras em frases coerentes.

Eu sinto muito.
Nada nessa vida nunca foi fácil e talvez tudo continue a ser difícil durante um bom tempo ainda. E eu queria estar aí. Eu queria te ajudar quando você não estivesse bem, estar aí pra te confortar. Doar um pouco mais de mim. Mas o que fazer ? Olha só, logo eu, que sempre tive uma resposta pra tudo, uma saída estreita onde que resultasse num final doce, tô fazendo uma pergunta dessas. Eu, que sempre achei a metáfora certa pra explicar, pra dar um corpo ao pensamento que não se explica. Você pode me explicar ?
Tô viva, tô levando, tô indo, vamos lá. Pra onde eu não sei. Me diz ?
Eu tentei de novo com outro apesar de saber que nunca daria certo. E realmente, não deu certo. Nessas horas eu vejo o quanto eu preciso.
Me desculpa. Você merece melhor. O que estamos fazendo ? Você merece melhores condições do que essa. E se não nos virmos nos próximos 2 anos, você ainda vai me guardar no peito ? Quando você ouvir meu nome, você vai ter lembranças boas ? Fique se você ainda gosta dessas correntes. Pra mim, esse ferro se tornou a mais doce das sedas. E pra você ?
Minha força eu deixei contigo. Se pra ti ainda faz sentido, bota um pouco mais da sua e vamos embora. Guarde tudo isso e vamos pra frente, à diante, em frente. Vamos aguentando, capengando, rastejando. Mas vamos dar um pouco mais de si pro outro, dividir as forças. Alimentar as idéias com flores, já que o mundo e o destino nos alimenta com merda.
Eu não queria guardar o silêncio, mas eu penso demais, pergunto demais. Pede pra eu calar a boca, pra eu parar de pensar. Cadê você pra fazer isso ?

Estava frustrada. Frustrada, mas calma. Deitei na cama. Merda, tinha acabado de escrever a pior carta da minha vida. A mais imbecil. Deitada, me abandonei à idéia de ser incompetente. De não conseguir nem escrever frases simples. "Oi, tudo bem ? Aqui tudo vai bem. Eu tô com saudades." Nem isso eu conseguia. Soava neutro. Sem profundidade.
Mas pra que ser profunda ? Pra que escrever cartas ? Pra que tentar e insistir em encontrar coerência no incoerente ? Isso. Isso que nós somos ! Incoerentes.
Precisava da calmaria. Precisava abafar meus pensamentos. Coloquei a lista aleatória pra tocar.

And then while I'm away
I'll write home every day
And I'll send all my loving to you

Lembrei de pequenos detalhes. Sorri. Uma lágrima escapou.

maio 16, 2011

Caio Fernando Abreu

Tente. Sei lá, tem sempre um pôr-do-sol esperando para ser visto, uma árvore, um pássaro, um rio, uma nuvem. Pelo menos sorria, procure sentir amor. Imagine. Invente. Sonhe. Voe. Se a realidade te alimenta com merda, meu irmão, a mente pode te alimentar com flores.

maio 14, 2011

Querida Emma,

Essas duas palavras, “Querida Emma”, me levam a uma outra época quando escrevíamos cartas, depois que minha mãe e meu pai morreram. Eu contava sobre os meus novos amigos e minha nova vida e você me contava sobre como os seus pais estavam felizes.
A verdade não é nada. O que você acredita ser verdade é tudo. E eu acreditava que ficaria com você pra sempre. Para sempre. Eu levei tanto tempo para escrever para você, porque percebi que fui um tolo. Passei a minha vida toda me enganando.
Toda carta que escrevia era uma carta de amor. Como poderia ser outra coisa ? Agora posso ver que todas, menos esta, eram ruins. Cartas de amor ruins imploram pelo amor, cartas de amor boas não pedem nada. Esta, tenho o prazer de anunciar, é a minha primeira carta de amor boa para você. Porque não há nada mais para você fazer. Você já fez de tudo. Já tenho memórias suas que durarão para sempre. Por favor, não se preocupe comigo. Eu estou “perfeitinho”de verdade. Tenho tudo.
Se eu tivesse um desejo, seria de que a sua vida desse a você o gosto da alegria que você me deu. Que você sinta o que é amar.

De seu amigo eterno,
Will.

Trecho do filme Waiting For Forever que eu vi esses dias. E amei.

maio 13, 2011

Vontades aleatórias

Algumas vezes eu enlouqueço e quero mudar tudo, absolutamente tudo. Ok, absolutamente tudo não. Tem coisas e pessoas que eu quero guardar. Enfim, eu, de repente, quero mudar. Jogar tudo o que tem no meu armário fora, mudar de colégio, de casa, de bairro, sei lá. Mudar de ares, conhecer pessoas novas, ter novas experiências. Aventuras. Mas não quero que me freiem, quero frear sozinha. Eu queria por apenas um tempo poder agir por impulso, não como eu faço na maior parte do tempo : pensando. Porque às vezes eu faço isso, penso demais. Agir sem pensar, não me preocupar com nada apenas sentir essa brisa acariciar o meu rosto. Eu quero aquele sentimento de leveza na alma, cabeça livre, um colo ou um peito pra deitar... Apenas fechar os olhos e sentir, sem pensar no que vai acontecer dali 5 minutos. Ou 5 horas. 5 dias. 5 anos. Tanto faz...

maio 07, 2011

É claro que tu vai dizer que nunca soube o que eu queria
E fica fácil pra você se agora já não vale o que passou.
Os teus amigos, meus amigos, não conseguem dizer nada.
Os meus amigos, teus amigos, dizem que não sabem mais quem eu sou.
A verdade é que eu me sinto fraca. Eu sinto como se talvez eu tivesse chegado no fim e que, agora, talvez não haja solução. Porque eu veria tudo com mais clareza em outras condições. Mas agora eu tenho que viver na incerteza, na duvida e talvez até na insegurança.

E talvez, também, seja assim que a gente se sinta depois de ter sido forte por tanto tempo, por ter aguentado tanto, ter suportado milhares de coisas quando a unica vontade era de se enfiar na cama e nunca mais sair. A gente suporta tanto que explode. Mas, sabe, eu não quero explodir, implodir, sei-lá-o-que-ir. E eu ainda preciso de tanta força. As vezes eu queria somente o seu abraço e um sussurro na orelha. "Tudo vai ficar bem". Essas palavras que poderiam cessar meus prantos, meus soluços. E quando eu penso, não preciso somente de você. Preciso de tanto, tantos e tantas. Chega a ser até absurdo.

Eu me perdi tantas vezes. Me encontrei tantas outras e em seguida tornei a me perder. Estou perdida e acho que acabei perdendo muita coisa. Espero poder me reencontrar.

maio 06, 2011

Saudade

Eu sinto essa saudade. Uma saudade meio anormal, não apenas das coisas que eu vivi, mas essa saudade que me emudece também por falta de todas as coisas que eu ainda não vi e/ou vivi. Eu insisto nela, me machuco, me levanto, relembro do que vivi, penso no que ainda vou viver e fico ali, com saudade.

Eu disse que não me apegava, né ? Mentira. PURA MENTIRA. Eu me apego demais, seja ao seu sorriso, seja à sua presença. Existem tantas coisas que eu viveria de novo sem hesitação nenhuma... As vezes me confundo sozinha, penso, repenso, não chego em conclusão nenhuma, rerepenso, choro, enlouqueço... Pois é, saudade.