novembro 28, 2010

i wasn't joking when i told ya you take my breath away

Então você me evita, porque não me terá para sempre ?
Sei que não faz sentido… mas quem quer amores temporários ?
Todos os relacionamentos terminam. Não existe garantia vitalícia, é como se recusar a ver o sol nascer porque você odeia vê-lo se pôr.
— Não é a mesma coisa...
— Claro que é. Você tem alguma idéia de onde estaremos daqui 2 anos ? Eu não tenho idéia alguma. Talvez estaremos juntos, talvez você encontrará defeitos insuportaveis em mim e irá embora com aquele outro cara do seu novo colégio. Como nós podemos saber ?
— Nós não podemos saber, e é isso que me deixa louca. Eu não consigo pensar em te perder nem em apenas 1 segundo. Eu te amo tanto, que dói.
— Então ! Talvez nós fiquemos juntos. Talvez nós terminaremos em 1 ano, seguiremos nossas vidas, nos encontremos de novo e aí perceberemos que nenhum dos relacionamentos que tivemos após esse foi do mesmo jeito... E você nem precisa pensar nisso ! Por que pensar no futuro, quando podemos aproveitar o nosso presente ?
— É insuportável pra mim pensar em você sorrindo, olhando nos olhos de outra...
— Não se preocupe com nada, o nosso futuro tá guardado... Vamos apenas aproveitar o nosso presente com a maior vontade que temos. Talvez nós nos machuquemos... Mas tudo isso fará sentido quando olharmos pra trás e lembrarmos que nunca fomos tão felizes com alguém quanto neste momento.
— É que...
— Shh. Eu te amo. E é tudo que importa agora.
« Eu revejo os teus olhos
Quando eu fecho os meus.
Você sabe o que eu quero?
Eu também não, isso cai bem.
E eu vou parar com esse jogo
Porque eu já perdi. (...)
Você roubou os meus sonhos,
E eu destruí os seus.
Minha agonia se termina,
Tudo isso é inútil.
Você esquecerá o meu nome,
E eu apagarei o seu.
Eu inventarei estações,
Porque o inverno te pertence.
E eu irei embora sozinha,
Abandonando os teus olhos. »

novembro 25, 2010

Trechos de uma conversa com a minha cara amiga Victória sobre o que anda acontecendo atualmente no Rio (visto que as informações do G1 estavam deveras escassas sobre a origem de tudo) que acabou em conversa sobre governo/política. Decidi transformar falas tanto dela quanto minhas em um texto.

Tudo isso tá acontecendo porque na verdade, sempre houve uma 'guerra', mas ela é meio mascarada... Mas, esta "guerra" está ficando cada vez mais intensiva... Por causa da porra da Copa do mundo e o capeta das Olimpíadas. As Olimpíadas serão no Rio... E como que o Brasil vai receber um monte de gringo com favelas cheias de traficantes, e um Rio de Janeiro violento?

A solução foi matar todos os traficantes. Mas, traficantes e criminosos são fortes também, essa galera também é armada até os dentes. Claro, porque eles traficam drogas, mas também traficam armas pra caralho, e na verdade, talvez a incompetência esteja ali... Como que todas essas armas que nunca existiram no Brasil foram parar lá? Ou então, tanta gente com arma? Essas armas caíram do céu? Não, essas armas chegam lá de várias formas diferentes... As vezes elas veem do estrangeiro, às vezes policial corrupto que fornece... Enfim, são N coisas. Se o governo fosse um pouco mais competente, é óbvio todo esse tráfico imenso que todos nós sabemos que existe, não aconteceria tão intensamente.

E isso gera uma guerra... Uma guerra na qual morrerá muita gente inocente. E tudo por causa do que? De um governo que só tem ladrões incompetentes.

O Brasil tem que desenvolver a educação e a saúde acima de tudo, isso é a base de qualquer desenvolvimento em uma sociedade. E o filho da puta do governo, diz que a Copa e as Olimpíadas, vão ajudar o Brasil a se desenvolver. Mas, na real, não vai, só vai ajudar pessoas ricas ficarem mais ricas. Cara, imagina todo o dinheiro que eles vão gastar com estrutura, recepção etc etc. porque não usar com saúde e educação? Não, que isso! Vamos enriquecer o governo, enxer os bolsos dele de dinheiro, e foda-se a população. Ah, sem esquecer as empresas privadas que também vão enriquecer! Torneios esportivos são eventos passageiros, o pobre vai ficar na merda de novo quando eles acabarem.

Mas na verdade, se essa guerra estava sendo mascarada até agora, talvez estivesse na hora de haver algum tipo de reação. ninguém nunca consegue esconder nada por muito tempo. E o resultado dessa guerra no Rio, pode ser tanto boa quanto ruim... Mas cara, eles querem matar os traficantes, mas com tudo isso tem mais gente inocente sendo atingida do que traficantes.

E essa história, vai repercutir na imprensa internacional. Os gringos ricos que são mais fdp que os políticos, vão ficar com medo de vim pra cá e aí quem sabe desistem de fazer a copa e as olimpiadas aqui? Ah, que sonho de consumo! Vamos pedir a Deus que isso aconteça..pra quebrar as pernas do governo no meio..

Talvez existam pessoas pensando que olhando de um lado, as olímpiadas e a copa talvez sejam algo bom no sentido em que, sabe como é brasileiro né, quer impressionar. Aí eles vão fazer de tudo pra que tudo fique bom pra receber os gringos e tudo possa se passar de boa. Mas será que eles pensam que depois talvez seja pior? E também é um puta pensamento errado se eles pensarem assim. Eles pensam antes em receber os outros ao invés de pensar no bem da população?

E o pior foi outro dia, enfim, faz um tempo já, que eu vi uma revista com o Lula na capa e em grande "Brasil: um país onde a esquerda deu certo". Deu certo o caralho! Esquerda? O Lula era esquerda até a rede Globo boicotar a eleição dele contra o Collor. O Lula criticava muito os donos de empresa, e no governo dele os empresários enriqueceram demais. E sem falar, que uma vez Karl Marx falou, "a oposição nunca ganha se não for através de uma revolução", o que é a mais pura verdade, Tome como exemplo a revolução francesa.

E é meio decepcionante ver tanta gente aí apenas ACEITANDO o que tá acontecendo. Porque cara, todo mundo sabe que tem muita gente que não está de acordo. Mas apenas ter uma opinião e pensar "sou contra o governo", não adianta... O que a gente tá precisando, são de pessoas com atitude. É óbvio que todos são sufocados pelo governo, achando que nunca conseguirão. Mas talvez se todo mundo acabasse se juntando tudo poderia mudar. Enfim, eu não sei como tudo isso poderia acontecer, quais seriam os meios, se existe alguma ínfima possibilidade, então digo isso... mas de qualquer forma, eu não acho que seja impossível. E impossível não é... A raiz do problema é o governo. Tem que colocar pessoas que sejam idealistas de verdade, que invistam em educação, saúde e ações sociais.

A galera hoje em dia, tá muito acomodada... Por exemplo "Por que eu vou lutar pelo meu país se eu posso ficar em casa jogando video game?" (isso foi só um exemplo). Tudo é questão de comodismo. Cada um está confortável com sua linda bunda gordurosa sentada na frente de uma televisão de plasma, pra que ir lá fora e tentar fazer algo? Não que seja tão fácil, porque nada é fácil, mas porra!

É mais ou menos assim... Por que uma pessoa com um certo nível de cultura iria se submeter ao tráfico? Maus elementos existem, mas você pode ter certeza, uma grande parte entra nessa vida por falta de opção. Como que voce vai legalizar a maconha em um país como o Brasil, onde muitas pessoas (pobres, em geral) são drogados para esquecer o frio, a fome e a miséria? Isso está errado... Tem que dar uma chance de vida digna para essas pessoas. E não deixa-las fumar maconha ou qualquer outro tipo de droga. Em alguns outros países eles podem legalizar a maconha, eles tem meios e poderiam administrar. Mas no Brasil? A gente não quer pessoas alucinadas e louconas quando o que a gente mais precisa são de pessoas sãs, que saibam usar a cabeça e que possam levar o país pra frente! Foda é que tem gente muito limitada pensando "eu não vou mudar nada, não posso fazer nada, vou é fumar um". Cabeça galera, cabeça... Não se deixem alienar e abaixar a cabeça pra tudo isso. Essas pessoas precisam mudar de vida, pra poder ir pra frente e levar o país com elas! Precisamos de mais exemplos, oportunidades.

E quem tem uma boa condição de vida, o que faz? Financeia o tráfico. Porque é evidente, o tráfico tanto no Rio quanto em São Paulo, é devido à essas pessoas de classe média, classe média-alta, às esses médicos, advogados que se deram bem na vida, que compram drogas e encorajam tudo isso à continuar. Existe a parte dos que fazem por falta de opção, e a outra parte, são esses filhinhos de papai que usam droga, que na minha opinião deveriam morrer. Porque além de serem uns inúteis sustentados pelos pais, ajudam a promover o tráfico e atrasar o país.

Ou seja, o problema também tá na população. Porque nós precisamos de uma população que seja pelo menos um mínimo inteligente pra podermos colocar tais pessoas idealistas que invistam em educação e saúde, em ajuda aos que precisam. Cara, o Brasil tem grande possibilidade de crescer, porra! A pobreza da população e do governo não é tão grande quanto pensam, é apenas uma questão de saber usar, de saber o que fazer com isso, como adminisitrar e ter objetivos, além dos dele mesmo que seria enriquecer cada vez mais e deixando o pessoal morrendo de fome, frio e miséria lá fora. Resumindo, ser corrupto.

Que as pessoas que lerem esse texto saibam que eu não estou me permitindo em criticar o governo, a política e os problemas brasileiros apenas porque estou morando fora do país. Quem me conhece, sabe que eu sempre critiquei enquanto ainda morava no Brasil.

novembro 22, 2010

- Quanto tempo!
- Pois é...
- Como está a sua vida? Ainda está com aquele cara?
- Não... nós terminamos mês passado...
- O que aconteceu?
- Ele não faz um barulho engraçado com o nariz quando dá risada. Quando ele bebe, não sai cantarolando uma canção do Beatles, pelo contrário, ele fica muito chato. Os olhos dele não brilhavam quando me via. Ele queria que eu tentasse coisas novas, aquelas que eu nunca gostei, sabe? E não gostava do meu emprego...
- Sinto muito...
- Mas, na verdade, eu o deixei, porque ele não é você.
Eu não sei o que eu quero. Eu queria que você voltasse pra mim, você sabe. Mas a minha vida, eu consegui continuá-la sem você. Eu não sei o que eu estou perdendo... É verdade. Eu me pergunto, às vezes, como seria se você estivesse aqui, ou se eu não tivesse ido embora. A gente teria continuado? Nós dois era tão... óbvio e sincronizado. Você me amava como nunca tinha amado. Aliás, você já realmente amou um dia? Mas você foi egoísta muitas vezes, pensando apenas em você. Você não se dá conta do quanto me machuca. Do quanto você me dá vontade de te espancar. Você não pensou em mim. Eu queria ir te ver, sabe. Mas foi apenas pesar os prós e os contras pra eu cancelar tudo. As vezes eu penso que tudo poderia ser como antes. Até tento, sem grande convicção. Mas não, eu paro. Eu sei que à qualquer momento você poderia mentir, dizer uma pequena palavra pra acabar com o meu coração. Pra acabar comigo. Uma palavra pra eu me iludir e te superestimar. Algumas pessoas dizem que você não é bom pra mim. E eu não tenho vergonha de dizer. Você não é bom pra mim. Eu sei, você sabe. Mas como essas mesmas pessoas, você e eu sabemos, eu sou teimosa. Extremamente teimosa.

E se eu voltasse agora? O que você iria fazer? Já pensou nisso? Se eu voltasse definitivamente, o que iria ser? Você se esforçaria? Você faria de tudo pra dar certo? Renunciaria a certas coisas, faria tantas outras loucuras apenas pra me ter nos teus braços? Você não tem medo de eu encontrar alguém que faça tudo aquilo que você não ousou fazer, que arrisque, que me impressione, que mostre que quer? Não tem medo que, de repente, eu te esqueça? Ou será que você pensa que eu estarei aqui pra sempre? Apenas responda.

Mas eu não vou voltar. Desculpe. Não pra você. Seria um pesadelo, você destruiria esse resto de mim. Esse que ainda consegue viver. Eu acho que eu queria ter te dito tchau, adeus. Se eu o tivesse feito, eu não teria te soltado. Como tudo isso pôde acontecer?

novembro 20, 2010

Oi. Não quero que você leia isso, é sério, por mim eu nem escreveria isso aqui, mas a impulsividade é maior. Só quero te dizer que você tem uma força sobre mim inacreditavelmente grande. Eu tenho que admitir para você - ou melhor, para mim - que eu sinto alguma coisa, e que ontem quando você me falou aquelas coisas, eu chorei tanto, mas tanto... Porque eu não queria acreditar que era verdade.

Para mim foi um sonho, sei lá, algo bom que me fez acreditar, que me fez ter fé em alguma coisa ainda, porque a dor em mim é grande demais, e você amenizou-a. Na verdade, eu não deveria ter falado que gosto de você. É mentira, você sabe. O sentimento cresceu desde que nos conhecemos e chegou num ponto imenso e na verdade, nunca diminuiu. Sentimento ou desaparece ou aparece, não diminui. E naquelas brigas, eu quis ofuscá-lo com a verdade, mas a real é que eu sempre me iludo e ontem eu não quis me iludir com suas palavras pois você já mentiu pra mim e qual a prova de que tudo o que você disse era verdadeiro? Sincero?

A questão é que eu sou insegura, você sabe. Você sabe que eu fico mal pensando que você pode estar por aí com outra. E você pode estar, nós não temos nada! Assim como eu fiquei com outro cara hoje. Só que eu sempre penso nos defeitos, tipo: beija estranho, muito devagar, muito rápido, baba demais… e o beijo na verdade pode ser perfeito, mas no que eu realmente penso é no seu beijo. Já disse, com ou sem cama, eu gosto mesmo de você.

E eu tenho medo de me ferir de novo porque no início eu não imaginava que o que eu sentia ia chegar nesse ponto. Mas chegou. E eu menti para mim por tanto tempo dizendo que eu simplesmente só queria ter alguém do meu lado casualmente sem nenhum sentimento, que eu acabei fingindo que acreditava nisso. Mas não é assim, eu sempre abominei a mentira e menti para mim mesma. Eu só tenho medo.

Eu não sei o que você sente nem o que você quer, mas eu sei o que quero, e o que eu quero é você. No cinema, quando eu estava deitada no teu colo, tive tanto medo que você ouvisse meus batimentos cardíacos. É que eles batiam tão forte. E quando me afastei e você se aproximou, olhou nos meus olhos, meu coração quase saltou de mim, já que ele bate por ti. E eu quis me enganar, e eu quis me fechar, só que agora não ligo mais se você está ou não mentindo. Minta para mim se quiser, pode mentir, pelo menos na tua mentira eu sinto alguma coisa. Tenho que agradecer por me fazer acreditar em alguma coisa. Por me fazer sentir. Por me fazer chorar e não de tristeza, mas de alegria. Por me abraçar. Por me beijar. Por segurar a minha mão à qualquer instante. Por olhar no fundo dos meus olhos. Por me deixar amar.

Obrigada por tudo isso e mais um pouco. E olha, nem me importo em usar palavras bonitas agora, só queria me expressar e finalizar com um: eu queria você aqui comigo todos os momentos porque eu realmente preciso de você para sorrir. Com vozes ou com silêncios.

Esse texto diz tudo o que eu queria dizer, mas não é de minha autoria e eu modifiquei um pouco.

novembro 17, 2010

silly. part V

Era domingo a tarde e Natalie tinha acabado de acordar. O quarto ainda estava escuro, não tinha nada daquela coisa poética de sol entrando pela janela e tal. Thiago ainda estava dormindo, e ao acordar ela até ouviu ele falando umas palavras daquela língua que é falada nos sonhos.

Uma semana tinha passado depois da famosa festa, que foi seguida de fugas noturnas e conversas com Thiago. Ela não tinha visto Rob desde então.

No colégio, parecia que ele fugia dela. Ela via ele de relance, virava o rosto e ele já não estava mais lá. Ele não passava mais pra buscá-la de manhã, nem ao menos esperava na hora da saída. Bom, ele tinha batido no Adam, mas ele realmente achava que ela tinha ficado brava com isso?

Na verdade, ela tinha ficado até lisonjeada. Ela achou que ele não ligava. O coração dela deu pulinhos quando viu que era ele quem estava defendendo ela. Mas é óbvio, isso era difícil demais de admitir. Ela pensava: "Como chegar e falar "cara, aconteceu um negócio estranho no meu coração quando eu te vi me defendendo"? Isso seria completamente anormal, oi.". Mas essa semana ela começou a pensar nele de um outro jeito, sem querer... Aconteceu, oras. Ela nunca tinha sentido uma falta tão grande assim dele. E não era apenas da amizade.

Ela levantou, colocou qualquer coisa, o seu grande casaco por cima, um tênis qualquer e saiu. Ela tinha ido andar, sei lá, ir pra qualquer lugar. Rob foi a primeira coisa na qual ela pensou ao acordar. Ela não conseguia admitir à si mesma que talvez tivesse algum sentimento além da amizade por Rob. Era realmente difícil.

Natalie acabou indo por um caminho que levava até o parque do bairro, à essa hora da manhã ele era bem calmo.

Na verdade, nem tão calmo quanto ela esperava. Ela tinha pensado em sentar no banco que ela gostava, um no qual sempre batia sol e dava de frente pro lago. Mas tinha uma pessoa sentada lá. Visto o seu estado, ela poderia ter expulsado a pessoa. Mas seus olhos ainda estavam inchados de sono, ela não iria afrontar alguém com aquela cara, sem contar que ela tinha esquecido os óculos em casa, tentar ver algo de longe de manhã pra ela era impossível.

Ela sentou na ponta no banco, virada pro lago, começou a detalhar o reflexo do céu e das árvores na água. Ela sem querer deixou o celular cair no chão. Abaixou-se para pegá-lo, quando ela viu. Aqueles tênis usados, ela os conhecia. Aquele jeans cigarette, ela o conhecia. Aqueles olhos - e que olhos - verdes, ela com certeza também conhecia.

Natalie não sabia o que falar. Ela tentou dizer algo normal, como "Oi", mas ao abrir a boca, nenhum som saia. Até que ela contou até 3 na cabeça - 1... 2... 3... já! - e disse:

- Você sumiu.

Um silêncio que parecia eterno seguiu essas duas palavras que mal foram pronunciadas e Natalie já se arrependia de as tê-la dito.

- Desculpa. Eu precisava entender o que estava acontecendo. - Ela sentiu um frio enorme na barriga ao ouvir a voz grave dele, meu deus, como ela tinha ficado com saudades daquela voz...
- Acontecendo?
- A coisa de ter ficado extremamente puto e partido pra cima do Adam. Eu poderia ter feito como eu sempre faço, ter chamado ele num canto e conversado. - Tentou explicar Rob. - Mas eu não sei de onde veio toda aquela raiva naquele instante.
- Eu que não deveria ter cedido, e voltado a confiar naquele estúpido.
- Não, é completamente humano isso... Mas... Enfim. Agora eu sei porque toda aquela raiva veio.
- Por que? - questionou Natalie, curiosa pra saber a resposta. Seria algo como "fui um leão na outra vida" ou "estou virando o homem-aranha, o super-homem" ou sei lá? Rob tinha uma imaginação remarcável, ele sempre falava coisas do tipo.
- É que... Olha, foda-se se isso acabe com a nossa amizade, essa semana longe de você foi a pior coisa que já me aconteceu, foi horrível. Então foda-se, eu tentei pensar em milhares de coisas pra te falar, mas eu não sei o que falar, não sei como falar. Cara, eu comecei a pensar... E a primeira coisa que eu pensei quando eu te vi, há anos atrás, foi "Cara, como ela é linda", e tudo que você faz, até essa sua cara amassada, o seu bafo fedorento de manhã, o jeito que você fala milhares de palavrões que eu não sabia nem a existência quando tá nervosa e até aquela sua espinha que você tinha no meio da testa me encantam. Seus olhos atentos ao me olhar quando eu tô contando algo, o seu sorriso, até mesmo quando tem um pedacinho de salada preso no seu aparelho. Sabe, eu acho que durante muito tempo eu tentei convencer à mim mesmo que eu não te curtia. Que você era bonita apenas com maquiagem, que você era abominável ao natural. Tentei achar milhares de defeitos, juro. Mas o problema é que eu amo cada um desses defeitos. Todos esses defeitos são as coisas que te tornam o que você é, essa garota maravilhosa pela qual eu... - Ele parou por um segundo, se perguntando se ele deveria mesmo dizer essas palavras - me apaixonei. Eu entendo se você disser que eu estou louco, que nunca vai existir nada entre a gente. Mas foda-se, sabe? Eu precisava falar isso pra você. Eu fiquei fudido vendo a única pessoa à qual você deu o seu coração inteiramente, jogando isso fora. Ele não percebia a sorte que tinha? - Ele fez uma pausa. - Foi por isso que eu sumi essa semana, eu não aguentaria te ver sem confessar tudo isso, sem colocar todas as coisas da minha cabeça em ordem.

Natalie ficou sem palavras. Será que não foi isso que aconteceu com ela? Ela tentou tanto se convencer que eles eram apenas amigos, que ela não conseguiu perceber o sentimento que estava ali? Pensar nos olhos dele daquele jeito realmente não era normal. Mas ela tentava ignorar. Meu deus, ela realmente gostava dele?

- Porra, fala alguma coisa, tô me sentindo completamente idiota agora. - disse Rob, olhando pra ela. Os olhos deles, para o desagrado de Natalie, se cruzaram, e ela se sentiu derreter como manteiga.
- Não cara... É que...
- Já entendi.
- Não! - disse Natalie se virando e fazendo face à ele. - Essa semana toda, tudo que mais me faltava era você. Eu acabei de perceber que eu não liguei pro que o Adam fez aquela noite. A semana inteira eu não pensei nele. Eu pensei em você. No que você estaria fazendo, no que diabos você estaria pensando. Por que raios você não falava mais comigo. E eu me lembrava a cada vez mais da forma que você me defendeu. E... Eu odeio admitir isso, mas quando eu abri os olhos ao beijar o Adam, eu, na minha cabeça, jurava que era você. Eu estava bêbada, ok, mas bêbados são sinceros. E me peguei pensando que eu queria que fosse você, na verdade. Mas eu tive que apagar esse pensamento rápido, eu não suportava pensar que isso poderia acabar com a nossa amizade, que eu poderia te perder estragando tudo... Rob, esse tempo todo, eu gostava de você sem saber. Eram os seus olhos que eu queria ver quando estava mal... Eu... Eu...
- Shhh.

Ele se aproximou e a beijou.

Aquele beijo sim era bom. Aqueles lábios sim era doces e combinavam com os dela. Lá, naquele instante, ela se sentiu bem e completa. Agora ela sabia o que era esse sentimento. O coraçãozinho dela, estava batendo forte, ela achou que ele ia explodir. Agora, ela sabia... Adam tinha sido apenas uma ilusão. O amor estava do lado dela, e, finalmente, ela tinha percebido.

Fim.

novembro 15, 2010

silly. part IV

Ela tinha finalmente chego na festa! Logo ao chegar, avistou as meninas, perto da mesa de bebidas enquanto uma ou duas estavam na pista de dança dançando com algum desconhecido.

Elas bateram um papo fútil sobre as roupas, quanta gente tinha naquela sala, assuntos de coração de umas, paqueras de outras... Assuntos típicos de festa. Quando Natalie percebeu, já tinha passado pelo terceiro copo de vodka-red bull e estava cortando um pedaço de limão pra tequila. Fazia tanto tempo que não tinha uma festa como essa, tão animada!

Ela foi dançar, encontrou Rob na pista de dança, que também já estava bem. Ela estava eufórica, a escola parecia ter sugado a vida social dela, e esse ambiente, essa coisa de não pensar em mais nada com as amigas, estava sendo mais.

Natalie foi ao encontro da sua querida mesa de bebidas, e viu que alguém tinha tentado dar uma escondida na garrafa de martini. Se serviu um copo, colocou uma cereja dentro, encostou-se contra a mesa e começou a observar a festa.

Tinha pessoas ali que ela nunca tinha visto na vida, nem no colégio, nem no metrô, nem no ônibus... E eles estavam todos se divertindo. Aquilo era bom. Ela tomou um gole daquele líquido meio doce, sentiu-o descendo e acariciando sua garganta. Aqui era definitivamente bom. Tinha esquecido de tudo. Tinha até esquecido daquela fuga de carro no meio da madrugada na véspera. Tinha até esquecido porque ela queria chorar. Na verdade, desde que Rob veio anunciar a chegada de Adam, ela ficou pensando nele. No que aconteceu antes dele ir embora. Eles tinha ficado, de novo, e ela amava ele, óbvio. Mas até no último dia antes de partir ele conseguiu fazer algo para machucá-la. Nesse dia, ela, além de descobrir que na mesma noite ele tinha ficado com outra garota, ele foi embora sem nem ao menos se despedir. Isso sim, partiu seu coração. Mas tudo que ela queria agora, era esquecer, esquecer.

Ela voltou a observar a sala, virou a cabeça pra direita, depois pra esquerda e... Pera, não era o Adam ali na direita?

Coração a mil. Ela perdeu os sentidos. A cereja que estava dentro do copo, ela engoliu inteira. O que fazer? Caralho, se ela não tivesse bebido tanto ela estaria sã e poderia pensar em algo sensato. Mas o álcool já tinha subido. A respiração dela era aflita. Bum, bum, bum, bum, bum. O coração batia sem ritmo algum. Céus, o que fazer?! Ser simpática, jogar tudo na cara dele? O QUE MEU DEUS?

- Oi. - ela sentiu um sopro em sua orelha, arrepiando-a dos cílios até os pelinhos dos dedos do pé. Ela virou-se rapidamente. Ela conhecia aquela voz. Caralho.
- Hm, oi. - merda, ela cheirava à álcool? A maquiagem tava boa? Porra.
- A festa tá boa né? - disse Adam tentando puxar assunto. Aquela camiseta era presente de Deus, dava pra ver perfeitamente os peitorais definidos dele e...
- Ótima! Faz tempo que eu não vou à uma festa assim, a escola anda sugando a minha vida... Mas o martini tá bom. - Cala boa, tá falando merda Natalie!
- Hahah, já tá bem né? - brincou Adam - Faz tempo também que eu não vou à uma festa assim, fiquei tanto tempo fora que esqueci o quanto as festas de Paris são animadas. - céus, como alguém podia ter lábios tão bonitos?
- Homesick né? Haha.
- Talvez... É sempre bom matar a saudade. - e ele virou, olhando-a nos olhos. Ela sabia o que ia acontecer, e por mais que os peitorais dele fossem bonitos, os lábios fossem sedutores, ela não sabia se podia confiar de novo nele. Se valeria a pena se entregar de novo... É claro que ele não se importaria, não foi o coração dele que foi espatifado em mil pedacinhos.
- Olha, eu acho melhor eu ir porque eu tenho que... - Ela não pode terminar sua frase. Ele a interrompeu com um beijo inesperado. Natalie tinha esquecido como o beijo dele era bom, familiar... Eles abriram os olhos. Ela estava tão bêbada que tinha pensado que estava beijando o Rob ao abrir os olhos. Tinha até pensado se ela encontraria aqueles olhos verdes e maravilhosos quando suas pálpebras abrissem... "Rob, Natalie? Sério mesmo? O que você tem na cabeça?", pensou a garota, "Ele é seu amigo, pare garota. FOCO!".
- Você dizia... ? - questionou-a Adam.
- Nada não. - disse ela sorrindo.
- Desculpa, mas eu vou ir ver meu amigo que me acompanhou até aqui, depois a gente se fala tá?
- Hm, tá.

Então era isso? Um beijo, tchau? SÉRIO MESMO, ADAM? Porra cara! Talvez ele tivesse um plano em mente, em beijar ela, depois voltar, e eles teriam uma longa conversa, e tudo ficaria legal entre eles. Ela deveria ter bebido menos, assim ela poderia ter formulado uma objeção à tudo isso. Mas... Ela queria mesmo que tudo ficasse bem entre eles? Aquela história já tinha feito tanto mal à ela... E o Rob com aqueles olhos verdes e... PORRA.

Bom, o mal já estava feito. Por que não mais uma tequila?

Ela encontrou Rob, sentado no sofá. Contou tudo pra ele, não a parte sobre os olhos dele coisa e tal, mas todo o resto. Ela podia contar tudo pra ele, ela sabia.

- O que eu faço cara, o que eu faço?
- Meu, olha... Você, antes de tudo, tem que pensar no que te faz bem, tá? Se isso te faz bem, vai em frente, vê no que que dá. Se não der certo de novo, aí eu que vou acabar com a raça desse cara. Mas, vai em frente.

Talvez ele não pensasse nos olhos dela como ela pensava nos dele. Ela foi dançar com as meninas durante um bom tempo, procurou algo pra comer na geladeira, passou no banheiro retocar a maquiagem, e, ao sair, BUM, Adam de novo.

- Ei... Eu acho que a gente precisa... - "conversar." completou ela por pensamento, já que sua frase tinha sido, mais uma vez, interrompida por um beijo. Ela tinha esquecido que o diálogo com ele nunca foi lá essas coisas. Por que ela ainda sentia coisas estranhas por um cara como esse?

Ela não tinha percebido da primeira vez, mas o beijo era desregulado. A língua dele tinha perdido aquele gosto doce de antes, e era amarga. Os lábios... Já não eram mais tão doces. Dizem que quando todos esses gostos mudam, é porque a paixão já se foi...

De repente, do nada, o beijo foi interrompido, e tudo que ela pôde ver, foi Rob dando um soco cheio de raiva no meio da cara de Adam. O que diabos era aquilo? Ela não conseguia distinguir bem as palavras que Rob estava gritando, mas ela conseguiu entender:
"Você... De novo... Ela... Machucar... Beijando... Garota... 5 minutos... Outra... Há..."

O QUE ?!

Não, não, ele não teria SE ATREVIDO A FAZER ISSO, não? Quero dizer, é muita canalhice pra uma pessoa só. Nessa hora, Natalie agradeceu Rob, silenciosamente. Ela sendo burra, teria insistido no charme dele, naquela tal "história de amor" inexistente. No fundo, ela sabia que na cabeça de Adam, não existia história de amor porra nenhuma. Tava mais pra beijos-querendo-algo-mais de vez em quando, e só. Mas Natalie insistia em esconder isso de si mesma...

Separaram a briga, Adam tinha os dois olhos roxos, nariz e boca em sangue. Rob tinha um roxo na bochecha e seu nariz sangrando também. Ele limpou rápido o sangue, e passou furioso e com um passo pesado ao lado de Natalie dizendo "Vamos embora. Vou te deixar em casa."

No carro, silêncio absoluto. Durante o caminho todo foi aquele silêncio. Horrível.

Chegando na frente de sua casa, ele não a olhou, seus olhos fitando o vidro da frente e a rua. A raiva dava pra se sentir de longe. Natalie não sabia o que fazer. Ela abriu a porta, colocou os dois pés pra fora, virou-se e disse:

- Obrigada.

Ele não respondeu. Ela saiu do carro, e mal tinha fechado a porta, que ele saiu a mil por hora, se perdendo na noite.

novembro 10, 2010

silly. part III

Já tinham se passado 6 dias desde que Rob tinha vindo - além de interromper o seu sono - dar a péssima notícia da volta de Adam. Ela já tinha vivido tanto tempo sem ele, tinha se acostumado à sua ausência, tinha conhecido, ficado e em alguns casos até namorado com outros caras; nada muito longo, mas já era algo. Ela tinha seguido em frente. Tinha sido difícil, mas ela tinha conseguido.

E, talvez estar na mesma cidade que ele durante um semana ou mais não seja uma tortura tão grande assim. Ela bem que suportou dois anos no mesmo colégio depois do término. Bom, eles tinha ficado uma ou duas vezes depois, mas nada demais. Por que eles não namoraram? Eram épocas difíceis e complicadas. Ainda residia uma pequena esperança em seu coração de que tudo um dia daria certo... Mas ela sabia que seria ela que no final das contas acabaria de novo em sua cama, se perguntando porque ela foi burra em recomeçar.

Não vamos mentir, mas ela tinha pensado nele umas 4 vezes durante esses 6 dias... 4 vezes à cada 2 horas? A escola estava um inferno, eram trabalhos, lições e provas de todo lado, impossível de se concentrar em algo mais; mas ele sempre aparecia em sua mente quando ela estava, por exemplo, no ônibus. E se no próximo ponto ele subisse, e a visse? O que ela faria?

Ela tinha perdido uma festa na quarta à noite, por causa dos estudos e toda a coisa, mas era sexta-feira e ela não iria se privar de uma boa dose de martini, vodka-redbull ou apenas uma cerveja pra refrescar. Refrescar a cabeça, porque no frio que estava, só de colocar o dedinho do pé pra fora de casa você já estava mais do que refrescado.

Enfim, ela tinha chego da escola às 19h, a festa provavelmente começaria de verdade às 21h30, ela tinha um bom tempo em sua frente. Ela já tinha ligado pra mãe pra avisar que ia numa festa, como fazia tempo que eles não jantavam todos juntos, ela prometeu uma noite pizza no sábado a noite.

Natalie não sabia se Thiago tinha ouvido falar da festa, não lembrava se a tinha mencionado. Ela jogou a sua bolsa de couro em cima de sua cama, desenrolou o cachecol do pescoço, tirou o blusão, jogou-o do outro lado do quarto, se despiu e foi pro banho. Ela estava de um humor ótimo, tinha até colocado música enquanto tomava banho. Ouviu as cachorras latirem, Thiago deveria ter chego da faculdade. Não deu outra, quando saiu do banho, se enrolou no roupão e o descobriu sentado na cadeira da escrivaninha olhando qualquer coisa no computador.

- Tem festa hoje? - perguntou o geek, percebendo que ela tinha saído de um banho renovável.
- Er, tem. Eu não falei nada sobre isso?
- Sei lá, a semana foi tão corrida que a gente não conseguiu ter nenhuma conversa decente. A gente mora na mesma casa, dividimos o mesmo quarto e não conseguimos parar nada além de 5 minutos pra conversar.
- É. Mas amanhã à noite tem pizza, você não vai sair né? - disse Natalie o prevenindo da noite familiar - O colégio tá me deixando louca. Enfim, tem festa na casa da Rachel, tá afim de vir?
- Faz tempo que a gente não come pizza, estarei aqui. E sobre a festa... Pra falar a verdade, eu tô completamente quebrado. Acho que vou chamar a Katy aqui e ficar de boa, talvez subir e ver televisão com ela e os seus pais, sei lá.
- Apenar por favor, não pensem em fazer porquice na minha cama. Sério.
- Hahahahah, fica tranquila.

E seguiu-se um bom tempo de escolha de roupa, com a ajuda de Thiago, já tão acostumado em vê-la de lingerie. Mas a ajuda dele variava entre "Tá legal.", "Você vai fazer um número de circo?" e "Tenta com aquela outra coisa lá que você tem... Ah, isso chama bota de daim?". Como estava frio, ela acabou optando por uma meia calça preta, low boots de salto cinza, uma saia balonê meio preto/azul-marinho florida, uma blusa de gola alta cinza, um colar, e uma jaqueta preta bem quente. Claro, com um cachecol de lã cinza enorme por cima.

Terminou de se maquiar e quando abriu a porta da frente, descobriu Rob, dentro da sua Clio velha e com o escapamento furado, de calça jeans, all star, uma camiseta preta e um suéter verde por cima. Esse verde combinava demais com a cor de seus olhos... As vezes ela se sentia meio culpada de achá-lo bonito, de às vezes ver ele e pensar "Uau, como ele tá lindo.". Numa classificação de amigos, ele estaria logo após o Thiago. Ela não podia pensar isso. Enfim.

- Você passou quanto tempo se arrumando? 5 minutos? - disse Natalie brincando.
- Se eu passei 5 minutos, você deve ter passado... 30 segundos? - respondeu Rob, que levou um soco no ombro logo em seguida.
- Vai, chega de idiotice e vamos logo pra essa festa, que eu preciso relaxar um pouco.

Rob então percebeu que essa não seria uma boa hora pra dizer que Adam estaria na festa.

novembro 07, 2010

silly. part II

Tudo tinha começado ali. Eram 11h naquele sábado quando eles acordaram com alguém batendo na persiana exterior do quarto. Ela, com o seu ótimo humor da manhã, soltou um "Que porra é essa?", Thiago começou a apalpar o chão procurando o pequeno controle para apertar o botão, abrir a persiana e descobrir que porra era aquela.

Quando a persiana se abriu, Natalie colocou o edredom em cima da cabeça pra fugir da claridade, e Thiago descobriu a cara de sono de Rob. Ele não ouvia sequer uma palavra do que ele estava dizendo, mas ele conseguiu entender perfeitamente que ele dizia "Abre a porta, cara!". Claro, ele se referia à porta do jardim, já que o quarto deles era perto da porta que dava no jardim, era mais fácil passar por ali do que pela porta da frente.

Ele se levantou, e de tanto que as pernas dele não conseguiam ficar estáveis, ele só faltou ir engatinhando até a porta. Então, ele virou a chave e abriu a porta.

Era até engraçado o contraste desses dois garotos. Thiago, de uma estatura normal, mais ou menos 1m70, de cabelo castanho-claro-quase-loiro curto, mas com uma fina franjinha na testa. Tinha olhos pequenos e cor de mel, e seu corpo era normal, nem frango, nem gordo, meio termo. Já Rob era um moreno, seu cabelo castanho-escuro-quase-preto era meio comprido, não no estilo Justin Bieber - graças a Deus - mas mais comprido que o de Thiago. Seus olhos eram pequenos e do verde mais verde que você já pode ter visto, com uns riscos meio amarelados. Ele era meio musculoso, não um homem-músculos, mas na medida certa; aquela medida em que é natural, sendo forte, presente, e bem distribuído em seus 1m85.

- Eae, cara. - disse Thiago.
- Eae, tranquilo?
- Estaria mais tranquilo se eu ainda estivesse dormindo. Você sabe que de sábado não existe vida aqui antes das 13h.
- Mal, mas é que é realmente importante.
- O que é tão importante ao ponto de interromper o nosso sono?
- Pera, eu já digo, vamos pro quarto, a Natalie também precisa saber.

Os dois foram em direção ao quarto e descobriram apenas uma bola embaixo do edredom.

- Natalie? - Rob chamou-a quase sussurando.
- Hmmm... - respondeu ela, sonolenta.
- Tá acordada?
- Hmmmm...
- Vai, levanta logo, ele tem algo pra contar. - tentou Thiago com sua famosa sutileza.
- Ahmmm...

Eles se entreolharam, e pensaram a mesma coisa. 1, 2, 3... Eles arrancaram o edredom dela.

- CARAAAALHO ! Devolve isso, AGORA! - gritou Natalie, agora ajoelhada na cama, descabelada e seus olhos entreabertos tentando se proteger da claridade.
- Levanta caralho, ele tem algo importante pra contar!
- Espero que seja realmente importante porque é realmente um crime acordar as pessoas a essa hora da manhã. Que horas são, 7h?
- Exatamente 11h07. - respondeu Rob que tinha acabado de dar uma olhada em seu celular.
- Mesmo assim. Vai, conta logo pra que eu possa voltar a dormir. - disse ela arrancando o edredom das mãos de Thiago.
- Me escutem com atenção, ok tapados? - começou Rob.
- Vou te dar um murro e você vai ver quem é tapada.
- Sempre de um humor agradável quando é acordada!
- Rob, conta logo antes que eu realmente te dê um murro. - repetiu a recém-acordada.
- Eu não duvidaria, ela tá naquela semana do mês, acho melhor você tomar cuidado. - disse Thiago tentando prevenir toda e qualquer catástrofe.
- Ok, ok... Vocês dois lembram do Adam, não lembram?
- Como poderíamos esquecer? Ele foi o primeiro amor dela, e o primeiro que quebrou o seu coração. Argh, nunca curti esse cara. - relembrou Thiago. E era verdade, Adam tinha sido o primeiro amor de Natalie, lá pela quinta ou sexta série ela tinha se apaixonado por ele, estava na palma de sua mão. Ele se aproveitou, eles ficaram durante um tempo, e do nada ele terminou, sem mais, nem menos. Deixando Natalie em noites frias e bem, bem molhadas. Foi nessa época que Thiago a conheceu, quando ela parecia mais uma gelatina do que uma garota; vendo o estado que ele a tinha deixado, ele criou uma raiva sobrenatural dele. Então, um dois anos depois ele se mudou, para a felicidade de Natalie, e para o bem dele mesmo; Thiago se segurava todo dia pra não dar um soco no meio da cara daquele cara. Já Rob, fazia parte do mesmo grupo de amigos que ele, Adam era um cara legal, em relação à essa situação ele era meio neutro. Até porque, na época, ele não era o melhor amigo de Natalie. Ele a tinha conhecido um ano depois do ocorrido, tudo já tinha passado. Tinha um pequeno nojo dele, não era o melhor amigo dele, mas Adam era suportável e, às vezes, até agradável. E depois de dois anos que tudo aconteceu, os pais deles se separaram e ele foi viver com a mãe, em outra cidade.
- Bom, o fato é que... Ele voltou. - declarou Rob, não achando nenhuma outra forma mais sutil de anunciar isso.
- O QUE?! - gritaram Natalie e Thiago ao mesmo tempo, incrédulos.
- É, isso mesmo...
- Como você sabe? - questionou Natalie, mais acordada do que nunca.
- Os caras acabaram de me ligar, dizendo que eles iriam comemorar isso num bar, hoje à tarde.
- Não é possível. - os olhos castanho-claro de Natalie não engavam, ela realmente não acreditava.
- Sim, sim. É possível. Pelo que parece ele vai ficar uma semana ou sei lá quanto tempo na casa do pai, pra fazer um estágio por aqui. - explicou Rob.
- Ele poderia ter ido sei lá, fazer o estágio dele em Marseille, ou nos Alpes, ou em Lille, mas longe de mim cara.

A conversa seguiu em planos pra fazer que Natalie e Adam não se cruzem nem na menor das hipóteses. Porque todos sabem que um primeiro amor, por mais que seja passado, vai sempre ser um primeiro amor.

Continua, maybe yes, maybe no...

novembro 06, 2010

silly.

Aquele carro. Ninguém sabia que ela tinha saído, quem dirá que tinha “roubado” o carro de seus pais para esse passeio noturno.

Ok, não era bem um passeio. A forma mais adequada de se descrever aquilo, seria uma fuga noturna, uma fuga da realidade, da vida ela, das coisas que andavam acontecendo… Nada disso deveria acontecer.

Você já foi pra Paris, ou viu fotos e percebeu que de noite, é um dos lugares mais bonitos do mundo? Com as luzes, castelos, la Seine… Toda aquela beleza, naquele momento, a fazia vomitar. Tinha se tornado uma tortura e um motivo de suicídio pra ela. Como suportar um exterior tão bonito enquanto o interior dela estava podre? Ela tinha sorte de ter pego o carro da mãe dela, a Twingo verde, mais discreto do que a Picasso cor de areia. Poderia haver pedófilos em todo lugar aquela hora da noite, principalmente do tipo que não hesitaria um minuto em seqüestrar uma linda jovem num carro no meio da madrugada.

Ela tinha conectado seu iPod na entrada USB do player do carro, a nova descoberta de sua mãe. Dentro daquele carro, as ondas da música, as batidas das canções pareciam fazer tremer as janelas, seus ossos, invadindo todo o seu corpo. Era bom. Era como ter um show em “seu” próprio carro.

Ela tinha optado pelos britânicos, aquele sotaque delicioso daria conta. The Kooks e Arctic Monkeys cuidariam de seu estado. O final de Fake Tales of San Francisco ecoava em suas últimas notas para deixar espaço à Love It All.

Thiago, seu melhor amigo, ia ficar preocupado. Logo iam dar 3h30. Quando ele voltasse de seu mijo de toda madrugada (devido ao problema de bexiga pequena, ele geralmente ia esvaziá-la no meio da noite, normalmente entre 3h30 e 4h) e não a visse em sua aconchegante cama, ligaria direto pra ela. Era melhor voltar para casa antes de acontecer algum tipo de merda; como um morcego bater no carro, ou atropelar um esquilo.

Ah, sim, ela morava com o seu melhor amigo, e com os seus pais também. Tinha lá seus prós e contras… Ela sempre quis ter um irmão mais velho e, bem, agora ela o tinha. E ela tinha que suportar a super-proteção dele, mas não reclamava disso. Só reclamava quando ele entrava realmente no papel de irmão-super-protetor e ficava interrogando os caras com quem ela estava ficando há apenas 3 dias.

Agora ela encontrava as cuecas dele jogadas em cima de sua cama, ficava com vontade de vomitar todo dia de manhã quando acordava e sentia aquela porcaria de cheiro excessivo de perfume de homem, e tinha que lidar com as namoradas ciumentas dele.

Enfim, não mais, ele finalmente tinha achado alguém que prestasse, graças a Deus. Mas essa também levou um tempo pra entender que eles eram só amigos. A coisa de chegar lá e descobri-la de camiseta e calcinha deitada no colo dele assistindo um daqueles programas imprestáveis das noites de Terça a irritou durante um bom, bom tempo. Mas ela acabou entendendo. Melhor pra ela, ou ela entendia ou ia embora. A amizade de anos deles não iria mudar por causa dela, nem de ninguém.

Tanto faz, ela estava pra casa. Estava orgulhosa dela mesma, não tinha chorado.

Ela tentou, realmente tentou estacionar o carro como ele estava antes para seus pais não perceberem o pequeno empréstimo sem autorização, mas ela tinha apenas acabado de tirar a carta, milagres não acontecem. Ela abriu a porta da garagem cuidadosamente pra ninguém ouvir o barulho, e finalmente entrou em casa sentindo aquele calor agradável do aquecedor. O frio lá fora era de -10° naquela noite.

Quando ele a viu na porta do quarto de calça legging, blusão de marca que provavelmente um de seus ex tinha esquecido na sua casa e os seus tênis adidas, ele sabia que ela não tinha apenas ido tomar um copo d’água. Ele estava sonolento, mas tinha certeza de que não estava sonhando.

- Foi pra onde?
- Hã? Fui na cozinha, vai mijar e volta a dormir vai.
- Que horas são?
- 3h32.
- Só? Achei que fossem umas, sei lá, 4h. E você tá de tênis, otária. Não me engana. Sem contar que você precisa aprender a ser discreta, eu ouvi o carro estacionando, você tem realmente muita sorte se os seus pais não ouviram.
- Você fode, né? Fui dar uma volta, tava com a cabeça cheia… E você sabe como eu sou.
- É por causa daquele otário?
- Talvez, mas eu também não tô conseguindo fazer aquele exercício de ma…
- Vem cá.

Ele sentou em sua cama e abriu os braços. Seu refúgio. Ela segurou as lágrimas, ele não as merecia. Thiago beijou o topo de sua cabeça e disse:

- Tudo vai ficar bem. A gente vai achar uma solução, juntos. Amanhã a gente conversa melhor, tá? Vai dormir, eu vou ir mijar porque a minha bexiga tá prestes a explodir.

Continuarei talvez, ou talvez não continuarei.

novembro 03, 2010

whatever

Eu não sei porque diabos eu me sinto assim. Sério, desde o começo eu disse pra mim mesma que não me envolveria e a cada beijo eu pensava que eu não estava apegada, que eu estava sacando a sua e que eu talvez soubesse como lidar com isso. Eu me enganei, redondamente.

A verdade é que cada espera por uma ligação, a expectativa de que você respondesse à alguma mensagem minha por mais fútil que fosse... Existia, realmente existia. Estou longe de chamar tudo isso de amor, bem longe disso. No fundo, eu dizia pra mim mesma: "Não acredite, você conhece os caras como ele, na primeira ocasião que você der, ele vai pular fora, ele não vai assumir e o quanto mais ele puder aproveitar, vai ser melhor pro ego dele."

Eu lembro de tudo que aconteceu e me sinto uma criança. Eu realmente me sentia uma criança do seu lado, e não posso negar que quando você me olhava nos olhos e acariciava a minha bochecha enquanto estávamos deitados na cama, eu desejava que você sentisse algo além da atração.

Talvez você tenha sentido, mas eu não conseguia me permitir a admitir que gostava de você nem pra mim mesma, quem dirá pra você. Talvez tenha sido por isso que nada tenha funcionado. Passei tanto tempo me prevenindo que não te deixei espaço e nem tive ações que te encorajassem a me mostrar algo. Foi a porra do meu orgulho, eu sei.

Eu sabia que você não queria nada, eu sabia. E tudo se comprovou quando você não disse nada quando eu terminei. Na verdade, eu terminei porque eu senti que fim estava chegando, e eu não iria suportar os dias que iriam seguir se eu te deixasse terminar. Talvez ambos sabíamos que era uma brincadeira. Talvez eu, no seu lugar, teria feito a mesma coisa, mesmo desejando continuar. Mas eu duvido um pouco que você tenha desejado isso.

Nos meus relacionamentos, um "Eu te amo" sempre foi fácil de obter após uma semana com a pessoa, ou até menos. E sempre foi em momentos esperados. O seu eu não tava esperando. Agora eu não consigo tirar a imagem da minha cabeça. E, na verdade, eu não sei porque isso aconteceu. Quando eu vi, eu pensei "Hahah, boa tática amigo", mas a verdade é que cada molécula do meu corpo se contorceu. Mas eu não sabia se deveria responder, porque eu não sabia se o que eu ia dizer realmente teria toda a intensidade que deveria ter. E eu não estou mentindo, ou falando isso por causa do meu orgulho... Eu realmente não sabia.

Mas enfim, acabou. Não diria que você quebrou meu coração, ou coisas dramáticas do tipo. E é esse o problema, você não teve nenhuma atitude realmente deplorável pra que eu possa te odiar... Além das coisas habituais como não me ligar, demorar anos pra responder uma mensagem, me fazer esperar e essas coisas que todo homem faz. Eu apenas te odeio por ter me feito sentir bem, e essa é provavelmente uma das coisas mais contraditórias que eu já disse em toda a minha vida. Já se passou mais de um mês e eu ainda não consegui entender tudo isso. Eu estou bem, juro. É só que acho que lembro de você pelo menos uma vez por dia. E eu sei que você não lembra, o que faz com que eu me odeie. E talvez te odeie também.

Se eu te ver, pode ter certeza que eu farei o máximo e usarei muito da minha força pra lutar contra a vontade de ir falar com você; vou fingir que não te conheço. Mas eu espero que eu não te veja.

E, na verdade, eu nunca te conheci.