outubro 10, 2012

(teamoporra.blogspot)


Já contei aqui sobre as pessoas que estouram de raiva do nada. Porque nunca é do nada. Não é que a pessoa entrou no bobs e ficou louca do cu porque o sanduíche veio errado. Não é por isso. Há que se considerar tudo o que a pessoa aturou até aquele dia. A gota d'água que tem a irrelevância de uma gota d'água, porém, o resultado ao cair no copo cheio é catastrófico. Então, hoje, nem é raiva que eu sinto. É angústia, desespero, choro compulsivo. É andar na rua e pensar "opa, falta uma quadra pra eu chegar em casa, tomara que eu consiga segurar as lágrimas até lá". Daí nego pergunta o que aconteceu dessa vez e a minha resposta é mimimi. "Mas nossa, só isso?", perguntaria um Zé Buceta. Sabe. Não é só isso. Não sou uma pessoa forte, eu finjo que sou. As pessoas acreditam. As pessoas acham que eu estou aqui de boa. "Ela aguentou, eu não aguentaria". Eu não aguento. EU NÃO AGUENTO. Mas é o que temos para hoje. Lembro de quando eu tinha nove anos e vi a infância dando tchau, minha preocupação ao deitar a cabeça no travesseiro foi "que desculpa vou dar pros meu colegas na escola por usar calça e casaco nesse calor?". Dilacerada por dentro e por fora. Minha preocupação ao dormir era o calor no dia seguinte. Hoje, minha preocupação é tomara que eu consiga ir embora dessa pocilga logo. E vem nego dizer que quem aguentou tanto, aguenta mais. Como se eu realmente aguentasse. Uma gota d'água em uma copo cheio. São nesses dias como hoje que vem tudo de uma vez. A vontade de sentar na calçada e chorar. E é por tanta coisa. Eu choro coisas que aconteceram há 10 anos. Eu choro o que aconteceu hoje. Tudo junto. Cada lágrima representa um sofrimento. E são muitos. Estava sentada, fui levantar e escorreguei. Pensei que era água da chuva, eram a minhas lágrimas no chão. Todo mundo sofre, pensa o Zé Buceta. Eu penso, parabéns se você aguenta, eu ainda não aprendi. Quem sabe um dia. Só aprendi a tomar remédio para dormir. Dormindo a gente não sofre.