fevereiro 21, 2011

Eu poderia, sei lá, estar lá fora, fumando, numa festa bebendo, numa cama com um cara que eu nunca mais verei em toda minha vida, poderia estar em outra vida, em outro estado, cidade. Eu poderia estar lá, mas eu estou aqui. Eu posso reclamar o quanto eu quiser, posso gritar, espernear, culpar todo mundo e absolve-los todos logo em seguida. Mas as coisas que acontecem na vida, seja cair no meio do centro da cidade, seja falar mal de alguém alto demais sendo que a pessoa está logo atrás de você, seja cometer o mesmo erro pela milésima vez, qualquer uma de todas essas coisas ou tantas outras, no fim do dia, te faz pensar. Se você não tivesse caido, ou falado, ou cometido o tal erro de novo, no fim do dia você iria apenas deitar na sua cama, colocar a cabeça no travesseiro e dormir. Você iria acordar, fazer as coisas perfeitas de sua rotina perfeita, ter tudo o que você sempre quis e acabou. Você seria uma pessoa estúpida que nunca pararia pra pensar nas possibilidades, numa evolução. Mas se você faz tudo isso, no final do dia, ao deitar na cama, você vai pensar naquela pessoa que te ajudou a levantar, ou no fato de talvez aquela pessoa não ser tudo aquilo que você disse, quem sabe ela não passou por coisas difíceis ? E o famoso erro, quem te diz que não é uma repetição pra que você não esqueça tal coisa, pra que você se esforce mais, pra que isso te persiga até o dia em que o erro será o acerto ?

Todos nós passamos por tempos ruins, alguns longos, outros curtos. Mas tudo isso é sobre o quanto você pode aguentar, o quanto você quer tal coisa pra mostrar a si mesma que tem força de vontade o suficiente pra ir até lá, ou esperar. Ou então no meio do caminho perceber que na verdade não era nada disso que você queria. Se tudo fosse perfeito, o bom não teria graça. E o ruim tá ai pra isso, te fazer valorizar e reconhecer o bom quando ele chegar.

fevereiro 11, 2011

begging

Eu lembro daquele dia, não faz muito tempo, mas eu sinto como se daqui não importa quanto tempo essas imagens ainda estarão frescas em minha memória.

Era uma quarta feira à tarde, e como todas as quartas, nós não tínhamos aula. Você veio em casa, e a gente ficou conversando, a chuva nos impedindo de ir lá fora. Ficamos conversando durante um bom tempo. Em seguida, eu fui terminar o maldito trabalho no computador, enquanto você, atrás de mim, ficava brincando com o violão.

Você reclamava, dizia que eu estudava demais, e tentava tirar minha concentração tocando as musicas que eu mais gosto. Você tocou a minha predileta, e eu não consegui mais aguentar. Sentei no tapete e comecei a cantar com você, nossas vozes se unindo em uma só mesmo com as notas mais erradas.

Eu pedi pra você parar e abrir a janela. Deitei no tapete e perguntei se você conseguia tocar essa musica também : a da chuva. Você tentou fazendo-o dos jeitos mais absurdos possíveis, com acordes inexistentes, e eu ria. Você sentou no tapete junto comigo, e eu coloquei a cabeça em cima de suas coxas. A gente começou a cantar musicas sem saber a letra, a rir inventando outras. Começamos a cantar aquela musica. Eu fechei os olhos e me distrai.

De repente meu coração começou a bater cada vez mais forte. Eu senti borboletas, milhares delas na minha barriga. Senti uma calma, uma perda de consciência. Eu agora estava nas nuvens, tocando cada uma delas.

Você tinha me beijado. E foi ai que tudo começou.