novembro 25, 2009

forma mais prática de dizer "não quero mais te ver"

"Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo."
Lixo e Purpurina - Caio Fernando Abreu

*

« eu preciso de um tempo pra mim »

foi o que você me disse antes de me dar um beijo na testa, pedir pra eu "me cuidar", virar as costas e ir embora. eu acreditei piamente nessa sua desculpa esfarrapada, e olha que eu nunca acreditei tanto assim nelas, eu só fingia; gostava de te ver com aquele sorriso estúpido de vitória achando que tinha me enganado. um sorriso estúpido, meio do canto da boca, que me seduzia. mas dessa vez eu tinha acreditado. como era a última desculpa sua que eu ia ouvir, eu resolvi acreditar. eu fiquei me culpando, pensando que se eu tivesse exigido menos, perguntado menos... você ainda estaria aqui; depois eu me absolvia: não teria sido eu mesma e teria sido uma dessas garotas tapadas e submissas aceitando tudo o que você dizia.

eu acreditei na desculpa. acreditei até o dia em que eu vi com os meus próprios olhos o que todos os meus amigos tinham trabalhado engenhosamente há semanas pra esconder de mim. você tava lá, sentado, junto com os seus amigos, rindo e conversando. eu poderia ter achado essa cena super normal, deveras banal, se aquela garota não estivesse sentada no seu colo. se você não estivesse com a mão na coxa dela. essa cena estragou a minha noite. puta que pariu, eu fui pega de surpresa, logo eu que evito ao máximo esse tipo de surpresa desagradável!

eu fui sentindo a raiva subir da minha barriga, estremecendo toda a minha coluna vertebral, congelando o meu peitoral e os meus ombros, até chegar ao pescoço e começar a pinicar minha bochecha. você não sabe a vontade que eu tive de ir até lá, depois dos meus trocentos copos de whisky, vodka, ou qualquer outra merda que estivessem servindo no bar, e gritar com você. mas ai, depois de sentir meu hálito alcoolizado, você perceberia que eu estava bêbada. e você me conhece o bastante pra saber que eu só perco a calma quando eu estou bêbada. você sabia disso porque foi um dos poucos a me ver bêbada; lembra daquele escândalo que eu dei no apartamento? acordei até os vizinhos! tinha sido até legal. você ficou todo preocupado achando que o síndico ia subir lá.

ficar bêbada na sua frente, seria como admitir que eu perdi; eu iria fazer uma bela massagem no seu ego mostrando que você me fez perder o controle, não iria? foi ai que eu me segurei, não iria te dar esse gostinho. continuei a rir com todo mundo, beijei aquele cara que eu esqueci o nome e bebi, me lembrando a cada copo de não ir gritar com você.

mas, o que ela tinha, que eu não tinha? essa comparação é inevitável quando você percebe que foi trocada. ela beija melhor do que eu? comer ela, te dá mais prazer do que me comer? ela é melhor na cama? ela é mais velha? é, acho que pra você as novinhas não teem mais graça né? ah, acho que descobri o que ela tem que eu não tenho: ela não pergunta. e foi exatamente por isso que você foi embora, virou as costas e me deixou lá, quando disse que "precisava de um tempo". você sabia que se ficasse, iria ter que responder a todas as minhas perguntas. e quando você disser pra essa dai que "precisa de um tempo", você vai ficar, porque sabe que ela vai apenas implorar pra você não a deixar, te perguntar mil vezes porquê e no final falar "tá bom". ela vai passar meses atrás de você, colocando frases chorosas no nick do msn, todo mundo vai te dizer que ela não suporta ficar sem você, enfim... fazendo tudo pra te ter de volta. o que você sabe que eu não fiz. eu te deixei ir. você não me viu chorar, e nunca vai ver.

e nessa noite, toda essa raiva que eu senti, serviu pra eu me desapegar mais do que eu já tinha desapegado. me fez esquecer tudo que eu achava sincero. já que todos os momentos encontraram um só sentido: a falsidade.
assim como você.

novembro 23, 2009

www.corramary.com




me equivoquei redondamente há dias quando pensei que eu era a salvação dos problemas de um ex-caso. na minha cabeça, eu juntava todos os predicados necessários para fazer uma pessoa como ele rir, se divertir e se apaixonar. só esqueci, no meio da auto-blindagem do excesso de confiança, de que, na verdade, ele é quem era a salvação para todos os meus problemas.

e é duro passar a acreditar que você sai do nível de "salvação extraordinária" para o patamar de "historinha que não deu certo".
como é irônico constatar que o impacto que ele deixou em você é muito maior do que o impacto que você deixou nele. são coisas como essa que deixam alguém com medo de se embrenhar na mata da paixonite. mas, num emaranhado de contradições, cabe perceber que se sentir pequeno é a forma mais cruel de não ter coragem para crescer.

é chato demais procurar – à toa – algo nele que me represente. todos nós somos carimbos, e a tinta que eu deixei foi fraca demais para ser percebida. isso porque todas as músicas possíveis e imaginárias sobre amor e burrice já têm destinatário certo na mente dele – um passado de menos de meia tonelada (ou menos de meia década) contra um presente de 50 kg… é pedir para ficar de castigo numa gangorra hipotética. mas é o que dá entrar numa disputa, sem o menor poder de barganha.

eu desenvolvi uma habilidade desgraçada de ser a pessoa certa nos momentos mais errados possíveis. ando perdendo as contas de ser incrível em vão. continuando na toada contraditória, fico com uma culpa que não é minha. fico puta da vida e só, porque o mundo é um saco de pessoas ordinárias, e não dá para fazer nada até esbarrar com alguém que valha o medo de se embrenhar na tal mata. enquanto isso, se espera pela hora de não esperar nada, pois esse é o exato momento furtivo onde a história acontece e te surpreende.

mas vou te contar que falta saco e paciência.

suspiro e coraçãozinho batendo mais forte são indicativos maravilhosos ou cruéis, só depende da situação. essa história ajudou a tirar meu fôlego, antes por ânsias e bons momentos, hoje por cansaço acumulado de casos
que foram para o saco. a vida é estampada com seus altos e baixos, pela maré que seca e alaga, pelas malditas contradições e incoerências: uma maneira pouco cortês de te fazer grata pela montanha e resignada pelo vale.

sabe quando você olha para algum lugar sem o menor interesse, mas mantém o olhar simplesmente porque uma soma de conforto, tédio e sono te obrigam a isso? estou assim. letargia purinha.

Por Pedro Staite no blog www.corramary.com, blog muito bom, falando nisso!
mas adaptado para o feminino por mim haha.

novembro 15, 2009

title?

"Quando você olha uma pessoa, você conhece 50% dela. Conhecer o resto é o que estraga...
Quando se conhece alguém, há uma grande atração e os defeitos sempre são ignorados, quando não passam despercebidos. Com o tempo os defeitos aparecem... Mas defeito não é uma coisa ruim, é um motivo de paixão! Na música 3x4 fala: 'diga a verdade ao menos uma vez na vida: você se apaixonou pelos meus erros'. Os defeitos é que ditam o futuro da relação. Se você resolve aceitá-los e se apaixona por eles, tudo será um conto de fadas. Caso contrário, o fracasso é iminente a tantas criticas e tamanha impaciência... Ninguém consegue viver conhecendo apenas 50%!"
Pinguim (que aliás está ficando mais velho hoje, parabéns gordofredo!)

não vou escrever porque eu não aguento mais escrever sobre o amor. não consigo parar de pensar nisso. todas as minhas idéias sobre o que escrever, ficção ou histórias passadas são sobre o amor. o amor em todas as formas anda me obcecando.

o amor recíproco (meio raro). o amor não-correspondido (nada raro). o amor platônico. o amor de carinho. o amor de afeição. o amor de admiração. talvez o amor em si seja a junção de todos esses. aliás, são todas formas deliciosas de se amar. eu ia escrever "menos o amor não-correspondido", mas até ele é bom; torna-se um desafio e é ainda mais delicioso quando conquistado com as próprias garras.

o amor sempre será um jogo, no qual você tem que estar consciente de que você tem 50% de chances de ganhar e 50% de perder. você nunca vai poder saber se você vai ganhar se você não se jogar e se preparar pra todas as conseqüências. uma delas pode ser quebrar a cara. é ruim? sim e não. você quebra a cara, mas depois levanta mais forte, vai à luta com mais perseverança e, eventualmente/consequentemente, conquista. e o que é melhor do que conquistar? lutar com todas as suas forças e conseguir é um sentimento muito melhor do que o sentimento daquilo que já é pré-visto.

durante a luta você sente a insegurança de não saber se vai ter ou não e de dar o máximo de si, e se você ama de verdade, você não esperará nada em troca da sua luta, só o prêmio final: o amor de quem você quer. mas aquilo que já é pré-visto, não tem graça. você sabe que vai ter, e não tem a humildade de saber que poderá perder; você pode fingir ser humilde, mas humildade fingida é perceptível a olho nu. enfim, não vamos entrar nesse assunto.

a conquista é sem dúvida nenhuma a melhor sensação. sem contar que você dá muito mais valor. por isso, se jogue e esteja disposto a perder tudo, se você realmente sentir que valhe a pena, se for realmente o que você quer, se o seu desejo for realmente forte. se jogue apenas se você estiver disposto a apostar todas as suas fichas nessa relação, nessa pessoa, nessa possibilidade, seja perceverante e não se deixe abalar. e pra ganhar você precisa de ambição e esperança. mas saiba que a sua vitória depende apenas de você mesmo, e de ninguém mais.

mas se você for abalado, se você sentir insegurança em ir em frente e apostar tudo, talvez seja porque a sua vontade não seja tão grande quando imagina. quem ama não se sente inseguro, apenas ama.

E QUANDO VOCÊ CONSEGUIR, APENAS AME, SIMPLESMENTE AME! NÃO PERCA A OPORTUNIDADE.

eu disse que não ia escrever, não consegui.

novembro 08, 2009

B. Marley

amei.

e agora?

o avião decolou. e casas, prédios e ruas circularam distantes, sob mim. olhei para baixo, enquanto as avenidas e ruas ficavam cada vez menores. deixava para trás treze anos da minha vida. é assim que se sente uma refugiada?

meu apartamento estava lá embaixo, em alguma parte. meus amigos estavam lá embaixo, alguma parte. minha vida estava lá embaixo, em alguma parte.

eu havia sido feliz ali.

e, depois, a vista foi coberta pelas nuvens.

novembro 04, 2009

aprendi a nunca sorrir pra você


você me deixa louca. louca. mas não louca no bom sentido, é num sentido abominável de não entender mais nada.

na verdade, eu ainda me pergunto porque vez-em-nunca você vem falar comigo sendo que você nem se interessa pela minha vida. há quem seja ingênuo ao ponto de pensar que eu realmente tive algum tipo de impacto na sua vida, que eu realmente de marquei, e que por mais que você cometa erros você ainda é ligado à mim.

a maior parte de mim não acredita nessa idéia totalmente ingênua, e eu ainda tô convencendo a pequeníssima parte que acredita numa pontinha disso.

eu analiso cada fato e evito ao máximo culpar os meus atos. porque se eu me culpo, eu vou ir me desculpar, e mesmo se a culpa não for minha, você vai aceitar as desculpas, dizer que não foi nada e ficar com cara de cachorro sem dono. e eu analiso todos os fatos, simplesmente, pra me convencer por inteiro que você é um cara sem escrúpulos, que só pensa em você e no seu ego, o que, sejamos francos, é a pura verdade.

eu queria tanto, mas tanto que você caísse do seu trono, que você realizasse que você não é tudo o que você pensa ser.

mas o que me faz mais sentir esse ódio, é o fato de você ter brincado comigo. eu abro totalmente o meu coração à muita pouca gente, e você fazia parte delas, até o dia em eu perdi a confiança que eu tinha em você. você me fez acreditar em promessas, em palavras que outrora me pareceram reais e que hoje me parecem vãs e falsas.

e eu acho que você não entende o fato de eu não ser mais tão calorosa com você do jeito que eu era antes; você não entende porque você não enxerga o que não faz parte e nem está ao redor do seu próprio umbigo. claro, podem ser suas açoões, mas elas tiveram um impacto nos outros não em você, então foda-se! não é? também há quem diga que a cega sou eu, que você tá pouco se fudendo pro que você fez, que você só queria brincar comigo, chegar, prometer e ir embora e que eu sou a idiota de ainda pensar nisso. ah, eu teria agradecido a Deus, dado três pulinhos e uma rodadinha se você tivesse simplesmente ido embora. quem diz isso, não sabe que você vem falar comigo pra tentar me aproximar de novo. não sabe que você vem se desculpar.

e aí você me diz: "se desculpar? então ele sabe o que fez!". não meu anjo, ele não sabe o que fez, ele só quer se desculpar pra eu voltar ao normal com ele, pra que na próxima vez que ele se encontrar cara-a-cara comigo, tudo esteja bem e eu esteja aos pés dele pra eu ceder um beijo. e ele acha que é esperto o bastante, e que eu sou burra. claro, porque eu caí na ladainha da última vez, então quem cai duas vezes, cai três. é, eu cai duas vezes já.

sabe quando você acha que as pessoas mudaram? que ela te diz "eu aprendi com os meus erros, não vou mais cometê-los"? sobre a parte de mudar, elas sempre mudam, assim como as estações; mas sobre aprender, nem sempre é verdade. existem pessoas que realmente aprenderam, e outras que pensam que aprenderam. e eu acreditei que ele tinha mudado, porque eu acho que todo mundo pode mudar. enfim, achava. hoje eu acho que as pessoas não mudam completamente, elas só se aperfeiçoam em uma determinada coisa. alguns tem o dom de se aperfeiçoar no inverso de tal coisa, e outras em se aperfeiçoar no que faz. e dessa vez, posso te dizer que foi um pouco dos dois: ele se aperfeiçoou no que fazia, ou seja, enganar, prometer e não cumprir etc. e também se aperfeiçoou no que não fazia, prometer e cumprir, ser honesto etc; mas, não necessariamente nessa ordem. primeiro ele mostra que mudou e que será honesto, que vai ser o que você espera. e aí quando você está caidinha por ele, ele vai e começa a ser o que ele era antes, mas em muito melhor (ou pior)!

eu já escrevi tanta coisa sobre o meu nojo por você, sobre essa minha pena e sobre meu inconformismo, que até perdi a conta. eu sei que talvez esse ódio passe, e que talvez ele possa virar uma amizade-desapegada, ou uma pegada-desapegada. e eu preciso convencer toda a minha cabeça de que você é assim, e que você não vai mudar, para, simplesmente, não sofrer.

ah, e o fato de eu pensar e escrever sobre isso, não quer dizer que eu ainda penso sobre nós; eu penso em mim e em você, como duas coisas completamente distintas.

[segue com esse post um texto que eu escrevi sobre a mesma coisa]

você me dá nojo.
nunca pensei que poderia encontrar uma pessoa tão fria assim. que ainda esconde a frieza com um calor inexistente. sabe, eu sempre achei que me prevenia o bastante das pessoas, que sempre examinava tudo; que procurava saber que a queda vai ser segura, saber que a pessoa será a cama elástica que amortecerá a queda antes de dar o salto. e eu depositei muita confiança em você. te subestimei. achei que você seria a última pessoa à mentir pra mim depois de tanta coisa passada, de tantos começos com fins frustantes, talvez precoces, equivocados. achei que você tivesse aprendido. achei que você tivesse aprendido a dar valor às pessoas, aos sentimentos que elas podem te devotar. à não brincar com nada e nem ninguém. mas você causou um caos dentro de mim; um caos que ainda bem, passou. não estou serena interiormente, mas não se preocupe, não é por sua causa; não te darei esse prazer. e você talvez tenha causado esse caos tendo completa consciência. eu achei que te conhecia, mas me enganei. conheci a parte desconhecida, e esta última me ensinou à manter distância de sua meia-dúzia de palavras mastigadas, cuspidas equivocadamente; aquelas que você conhece bem, aquelas que soam falso. que se existisse um crtl+c crtl+v pra falar sem esforço, você não hesitaria em usar. deve ser legal pra você, até cômodo, mentir assim. e não sentir remorso! imagina que maravilha? mas isso só sendo essa pessoa fria e nojenta que você é. pode ter certeza que não te invejo por isso. ao contrário, você me dá vontade de gorfar.
achei, achei... fui burra. ora, deveria ter tido certeza! e deveria ter ido à um oculista, colocar óculos de verdade, deveria ter tirado as lentes cor-de-rosa que me escondem do mundo cruel, ter enxergado bem, pra não tem confundido a cama elástica com um chão de mármore, frio e duro. e ter não apenas quebrado, mas esborrachado a cara, e estilhaçado o que restava de mim.

P.S.: que bom que eu sou volúvel e supero rápido.

- escrito no dia 19/09/09 no meu fotolog.