junho 21, 2010

dia 24 de julho de 2009. a porra do relógio não quer parar.

hoje é um dia 24 qualquer. como tantos já existiram em trilhões de anos. hoje as pessoas pegam seus ônibus rumo ao trabalho, sonhando com a hora do almoço e o fim do dia. ou estão ficando um pouco mais na cama, pra aproveitar os últimos dias de férias. crianças circulam no parque, pessoas não querem sair por medo de multidões. bebês nascem enquanto incompreendidos pulam de pontes em avenidas movimentadas em busca da última atenção do mundo. sorriso se elevam a gargalhadas e amores estão sendo descobertos; ou rompidos. o mundo não pára pra ninguém. os dias têem irreversivelmente 24 horas, preenchidas ou não de bons momentos.
hoje é uma sexta-feira fria comum, meio chuvosa, com muita nuvem e pouco céu. não há indícios de nada extraordinário. pros outros.
eu estou fechando as malas. tentando colocar perfumes, sensações, sentimentos e sorrisos dentro delas, pra não esquecer de nada antes de fechar o zíper que eu só abrirei daqui mais de 12 horas. tô tentando memorizar cada detalhe; eu sei que vou sentir saudades. sentirei a mesma saudade que senti há um ano e meio atrás. da última vez, eu não achei que estava indo embora pra sempre. será que se eu pensar assim de novo, voltarei daqui um ano e meio de novo também?
eu só me encontro aqui. me perco em todos os outros lugares. aqui eu não preciso atuar, não preciso dissimular a minha dor no lugar mais profundo do meu ser (até porque estando aqui a dor não existe) e vestir um sorriso falso. eu simplesmente não preciso. não preciso porque o vazio foi preenchido, o café já tem açúcar e a flor já brotou. mas a música está chegando ao fim. o sorriso será substituído por lágrimas e a flor vai murchar. esse apartamento vai ficar com a minha vida de novo. ele cuida bem dela. acho que melhor do que eu. meus amigos vão ficar com uma parte de mim. minha familia vai ficar com uma parte de mim. os meus lugares prediletos ficarão com uma parte de mim. mais da metade do que eu sou ficará aqui. e eu sei disso. não posso impedir. e se pudesse, não o faria. meu lugar é aqui. foram as melhores férias que eu pude ter. e elas vão se repetir, eu sei. enquanto isso, chorarei pela falta da minha vida. pela falta de mim mesma. ficarei com o pó gasto, vindo aos poucos, do que eu já pude ser, do que eu já vivi. tudo está cheirando à um fim. um fim novinho em folha. mas um fim breve; ou não tão breve quanto eu planejo. vai ter um recomeço, e poderei viver tudo isso de novo, eu sei.
o café esfriou. o açúcar está no fundo da xícara. a flor morreu. cavaram um buraco.
no meu peito.
de novo.

***

faz tempo...

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