dezembro 03, 2011

Mas quando eu penso em alguém, é por você que eu fecho os olhos

Eu queria tanto te escrever algo. Algo que talvez resumisse a situação. Algo que te fizesse enfim entender o que realmente está acontecendo. Eu sempre tive um medo enorme de dizer o que sinto, de expor tudo o que eu tenho para dar. Eu talvez tenha demorado, mas te disse tudo. Na verdade, não tudo, pois as palavras sempre me parecerão escassas para descrever o que sinto. E acho que apenas esse fato mostra toda a sinceridade que eu não consigo mais esconder. Mas, não sei, eu penso em você e não consigo parar de pensar nessas babaquices românticas e nessas breguices de meu-amor-pode-me-salvar. Gostei de muitos outros caras depois de você. Provavelmente continuarei gostando. Quem sabe conseguirei ter uma relação séria. Tanto faz, na verdade. Eu sei que, no fundo, eu serei uma eterna insatisfeita enquanto nenhum deles não for você. Então eu venho, por meio deste, te pedir para que mesmo se a esperança começar a esgotar algum dia, mesmo se eu estive chata e reclamona, mais faladeira que o normal, quem sabe meio cansativa, que você não desista de nós. Que você sempre lembre desses momentos e desses olhares e dessa falta de palavras e desse ar que parecia de repente insuficiente para alimentar nossos pulmões e dessa saudade e dessa insensatez tão doce. Quero que você lembre de nossos sorrisos. E que você venha buscá-los outra vez. Porque o meu sorriso é teu.

My hopes are so high.

setembro 04, 2011

Chagrin

"Chagrin". Essa é uma das palavras que eu mais gosto em francês. "Chagrin" significa dor e tristeza. Mas, eu não sei, só de escrever essa palavra e ouvi-la ecoar em meus pensamentos, um frio corre pela espinha. De alguma forma, incompreensível, talvez até besta, eu sinto o que essa palavra quer dizer. Eu sinto e imagino o que é. Porque "chagrin" é dor e tristeza, ao mesmo tempo. E quando eu digo "dor" não é um arranhão na perna ; é aquela dor interna que te corrói por dentro sem você entender muito bem a origem ou a razão. Ela apenas te come interiormente te fazendo beirar o desespero. Sabe quando você pensa em alguma coisa e que te dá aquela pontada no coração e que você sabe que se passar um pouco mais se concentrando no pensamento as lágrimas começam involuntariamente a picar os olhos ? E então dá aquele aperto no coração e mesmo se você quisesse se expressar você não conseguiria com esse nó imenso na garganta ? Sabe aquela dor que mesmo se chorasse, se suas lágrimas acabassem com a sede de um pais inteiro, não resolveria ? Isso, pra mim, é "chagrin". É algo que te espreme que nem laranja. E no pior, no pior dos sentidos.

Eu gosto dessa palavra. Odeio a sensação. Adoro a palavra. Pra mim, "chagrin" é como "saudade". Com uma simples palavra, muita coisa pode ser expressada. Por trás de uma simples palavra, se esconde uma imensidão.

julho 20, 2011

Beco sem saída

E quantas vezes eu já te procurei em outros corpos, outras bocas, outros olhos. Quantas vezes eu já me enganei com outros sentimentos, tentava - e às vezes até conseguia - me convencer de que tinha passado, de que "esse é o certo, esse é o melhor, o outro não era bom pra mim". Quantas vezes já escrevi para outros deixando o rastro de nossa história nas entrelinhas, deixando-me levar pelas minhas mãos que escreviam por puro impulso frases evidentemente destinadas a você, mas numa declaração que, ao início, era destinada a outro. Ironia, né. Você está aqui. Ali. Lá. Pois é, meu amor, grande equivoco meu achar que conseguiria desviar de sua presença em minha mente ao encostar minha cabeça no travesseiro no fim do dia. Falta tanto pra viver e minha alma sente tanta certeza. Talvez seja ingenuidade, inocência. Mas já chegamos tão longe e você deixou tua marca em todo lugar. Surreal.

As melhores coisas da vida são as mais difíceis de se obter e é necessário paciência, disseram.

E, meu anjo, entenda que no fundo existe uma menina ansiando em ser só sua, mas, menina que é, tem medo de novas cicatrizes. Porém, arriscaria tudo para sorrir contigo.

julho 17, 2011

Martha Medeiros

O cara diz que te ama, então tá. Ele te ama.

Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado.

Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se.

A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e verbalização, apesar de não sonharmos com outra coisa: se o cara beija, transa e diz que me ama, tenha a santa paciência, vou querer que ele faça pacto de sangue também?

Pactos. Acho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver e tocar. É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas, um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia venha a dividir o caminho dos dois.

Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que sugere caminhos para melhorar, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você, caso você esteja delirando. "Não seja tão severa consigo mesma, relaxe um pouco. Vou te trazer um cálice de vinho".

Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d´água. "Lembra que quando eu passei por isso você disse que eu estava dramatizando? Então, chegou sua vez de simplificar as coisas. Vem aqui, tira este sapato."

Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro. Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo. Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta.

Agora sente-se e escute: eu te amo não diz tudo.

julho 13, 2011

Memórias de uma madrugada

Vagou inquieta pelo quarto. Mas que grande bosta, suspirou.

Nessa madrugada, tão quieta, tão silenciosa, tão ensurdecedora, pairava um sentimento de... Do que mesmo ? Chega a ser incrível como quando o peito está transbordando de sentimentos, quando a cabeça está borbulhando de pensamentos, a gente não consegue pegar um só e analisar. Porque é assim : você pega um, e naquele um você acha um outro, e outro, e outro... E então uma manta, um lençol de pensamentos se forma exalando, então, diversos sentimentos. Sentia-se culpada, de certa forma. Se sentia feliz. Mas estava tão inconsolável. Sempre se contradizendo.

Sentiu uma vontade de gritar mas nenhum som - nem mesmo em forma de sussurro - saia de seus lábios. E, de qualquer forma, as palavras faltavam, estavam ausentes. A indignação e incompreensão escorriam pelo seu rosto e sua pele, impregnada de saudade, se tornava cada vez mais sensível ao toque. Sentia um frio na espinha, atrás das orelhas. Sentia pterodáctilos no estômago.

Precisava se distrair. Tentou pegar o papel e a caneta, mas ficou apenas ali, encarando o papel em branco. Onde estavam as palavras que outrora fluíam tão naturalmente ? Isso não é hora pra tomar banho, pensou. Que merda. Algumas pessoas deixavam de fazer uma coisa ou outra por falta de tempo... Ah, tempo, isso ela tinha ! Mas era incapaz de fazer o que queria. Não, talvez "incapaz" fosse uma palavra muito forte. Não tinha jeito nenhum de fazer o que queria. O que queria estava longe. Tinha que esperar. Esperar. Tempo.

Deitou no tapete. Ela queria apenas parar de pensar. E esse sono não chegava, não chegava...

junho 11, 2011

Era pra ser uma noite normal, tranqüila, com as amigas, a casa sem os pais. Tudo maravilhoso. Até uma certa hora. A hora em que ela sentou no sofá. Ela começou a desabar em lágrimas. Chorou, chorou, até soluçar, sem saber qual era a razão. Suas amigas tentavam como podiam a reconfortar, mas é difícil confortar sem saber porque. Mas elas ficaram lá, oferecendo o ombro como apoio. Ar fresco. Isso, ar fresco. Era preciso ar fresco. Elas foram parar no jardim. Ainda tentando - em vão - achar a origem do problema.

Por que tudo tinha de ser tão complicado ? Ela não sabia o que tinha, mas sabia que no fundo não estava tão feliz quanto aparentava estar. Ah ! Se o mundo soubesse... Poderia ser fácil levantar, sair daquele jardim e ir correndo até o que poderia fazer feliz. Mas não é fácil, nunca é fácil, nada é fácil.

Um cigarro. Apenas um. Dois. Três. Depois dessa ultima hora aos prantos ela parecia começar a se sentir melhor. Vai ver é psicológico. Porque tudo tá apenas dentro da cabeça da gente, não é ? O mundo é relativo. O tempo é relativo. E tudo é questão de tempo. Sentimentos. Existem uma porção de sentimentos, não é ? Tudo deixa sua marca. Até lugares deixam uma marca. Ela não sabia que era possível se sentir mal àquele ponto, sentir tanta confusão. Tantas idéias atravessando o espirito sem poder se concentrar em uma e tentar entender. Não dava, eram milhares de pensamentos. Ah, como essas pessoas que não pensam tem sorte... Porque é nisso que dá pensar demais : a gente nunca fica satisfeito, e sofre.

E o mundo é tão sujo, as pessoas são tão sujas. Você não pode abaixar a guarda durante dois segundos que logo atrás tem um pra se aproveitar de você. Tiram proveito na cara dura e deixam outras pessoas morrendo de fome. E, claro, se aproveitam também dessas pessoas que estão morrendo de fome. E ela pensando que estava até reclamando de boca cheia. E chega a ser irônico e completamente estupido o quanto você pode se sentir vazio tendo tanto.

É isso, a gente suporta tanto, a gente é forte durante tanto tempo, que a gente explode. Mas é preciso ter força, pra recolar os pedaços e seguir sorrindo.

junho 03, 2011

Hm, quer conversar ? Posso te contar a minha vida, minhas revoltas, posso também reclamar se você quiser. Posso gritar também, sei gritar em vários tons, ai você tenta me ouvir. Se isso te consola, minha cabeça também tá uma bagunça. Enfim, sempre foi, mas, isso não conta.

Descobri bastante coisa durante esses anos. Descobri que pessoas que aparecem na sua vida e com as quais você divide o seu quotidiano, podem muito bem te esquecer nos segundos que seguem alguma mudança drástica. E ai eu penso nessas pessoas que vão apenas seguindo o fluxo da vida. Que passam por aqui, e vão deixando levar pela correnteza e vão pra outro lugar, esquecendo por onde passaram. Esquecendo, às vezes, o que aprenderam. E, assim, vão embora. E na minha cabeça, eu visualizo essas pessoas vazias que não se apegam à nada ; e não vejo um vazio pleno de calmaria e serenidade como outrora, eu vejo apenas um vazio. Vazio de sentimentos, e de pensamentos. Gente que não pensa.

Durante muito tempo eu acreditei piamente nisso : o desapego. Ele era a solução maravilhosa pra todos os problemas ! Mas já pensou que maravilha conseguir pensar em tal coisa ou tal pessoa sem aquele medinho de poder perder um dia ? De estar de-sa-pe-ga-do(a) ? E no fundo, todas essas pessoas que pretendem um desapego geral, mentem. Não é humanamente possível você possuir um sentimento verdadeiro por alguém e não se apegar. Lembrando que existe um grande buraco que separa o desapego à liberdade. Se vocês ainda não sacaram, eu tô falando daquele desapego de esquecimento.

Porque, no fundo, nós somos todos hipócritas. Em algum momento de nossas vidas nós fomos hipócritas. Por exemplo, quando alguém te machuca de verdade e você mente descaradamente a todos os seus (melhores) amigos dizendo que você está melhor do que nunca, que esqueceu e começa, então, a mandar aquelas mensagens subliminares de eu-sou-foda-não-me-apeguei-isso-não-me-atinge, sendo que, na verdade, você está morrendo por dentro. E você não faz isso apenas pelo amor próprio - até porque, amor próprio não tem nada a ver com isso - e muito menos pra não preocupar alguém : você o faz simplesmente pra mostrar o quanto você é foda e não sofre. Mas não é verdade. Você finge, você mente, você sofre. E vai me dizer que não é hipocrisia mentir sobre uma coisa dessas, sendo que alguém poderia te ajudar, apenas pra mostrar o quanto você é auto-suficiente ?

E ai a gente pode falar sobre falsidade, mentiras, competições toscas e eu poderia passar meu dia dissertando sobre o assunto...

maio 30, 2011

Acontece que entre o ainda-não-é-hora e nossa-hora-chegou, muita gente se perde. Não se perca, viu ?

Caio Fernando Abreu

maio 19, 2011

Cartas

Eu estava ali, batendo a ponta da caneta no papel, tentando pensar no que escrever. Durante esses dias tinha te escrito tantas cartas. Na minha cabeça. E em todas elas eu te dizia coisas que talvez eu nunca diga de verdade. Mas de frente ao papel, não saia nada e aquelas linhas me torturavam. Eu queria e insistia em escrever algo. Maldita teimosia. De certa forma, eu tinha cansado de todas aquelas palavras estarem apenas no pensamento. Queria compartilhar com a caneta. Já que provavelmente não teria coragem o suficiente pra te entregar a tal da carta. Talvez fosse intenso demais, expressivo demais, impulsivo demais, assustador demais pra que eu pudesse deixar alguém ler. Ou até você.
E foi então que eu comecei a tentar organizar todas aquelas letras, palavras em frases coerentes.

Eu sinto muito.
Nada nessa vida nunca foi fácil e talvez tudo continue a ser difícil durante um bom tempo ainda. E eu queria estar aí. Eu queria te ajudar quando você não estivesse bem, estar aí pra te confortar. Doar um pouco mais de mim. Mas o que fazer ? Olha só, logo eu, que sempre tive uma resposta pra tudo, uma saída estreita onde que resultasse num final doce, tô fazendo uma pergunta dessas. Eu, que sempre achei a metáfora certa pra explicar, pra dar um corpo ao pensamento que não se explica. Você pode me explicar ?
Tô viva, tô levando, tô indo, vamos lá. Pra onde eu não sei. Me diz ?
Eu tentei de novo com outro apesar de saber que nunca daria certo. E realmente, não deu certo. Nessas horas eu vejo o quanto eu preciso.
Me desculpa. Você merece melhor. O que estamos fazendo ? Você merece melhores condições do que essa. E se não nos virmos nos próximos 2 anos, você ainda vai me guardar no peito ? Quando você ouvir meu nome, você vai ter lembranças boas ? Fique se você ainda gosta dessas correntes. Pra mim, esse ferro se tornou a mais doce das sedas. E pra você ?
Minha força eu deixei contigo. Se pra ti ainda faz sentido, bota um pouco mais da sua e vamos embora. Guarde tudo isso e vamos pra frente, à diante, em frente. Vamos aguentando, capengando, rastejando. Mas vamos dar um pouco mais de si pro outro, dividir as forças. Alimentar as idéias com flores, já que o mundo e o destino nos alimenta com merda.
Eu não queria guardar o silêncio, mas eu penso demais, pergunto demais. Pede pra eu calar a boca, pra eu parar de pensar. Cadê você pra fazer isso ?

Estava frustrada. Frustrada, mas calma. Deitei na cama. Merda, tinha acabado de escrever a pior carta da minha vida. A mais imbecil. Deitada, me abandonei à idéia de ser incompetente. De não conseguir nem escrever frases simples. "Oi, tudo bem ? Aqui tudo vai bem. Eu tô com saudades." Nem isso eu conseguia. Soava neutro. Sem profundidade.
Mas pra que ser profunda ? Pra que escrever cartas ? Pra que tentar e insistir em encontrar coerência no incoerente ? Isso. Isso que nós somos ! Incoerentes.
Precisava da calmaria. Precisava abafar meus pensamentos. Coloquei a lista aleatória pra tocar.

And then while I'm away
I'll write home every day
And I'll send all my loving to you

Lembrei de pequenos detalhes. Sorri. Uma lágrima escapou.

maio 16, 2011

Caio Fernando Abreu

Tente. Sei lá, tem sempre um pôr-do-sol esperando para ser visto, uma árvore, um pássaro, um rio, uma nuvem. Pelo menos sorria, procure sentir amor. Imagine. Invente. Sonhe. Voe. Se a realidade te alimenta com merda, meu irmão, a mente pode te alimentar com flores.

maio 14, 2011

Querida Emma,

Essas duas palavras, “Querida Emma”, me levam a uma outra época quando escrevíamos cartas, depois que minha mãe e meu pai morreram. Eu contava sobre os meus novos amigos e minha nova vida e você me contava sobre como os seus pais estavam felizes.
A verdade não é nada. O que você acredita ser verdade é tudo. E eu acreditava que ficaria com você pra sempre. Para sempre. Eu levei tanto tempo para escrever para você, porque percebi que fui um tolo. Passei a minha vida toda me enganando.
Toda carta que escrevia era uma carta de amor. Como poderia ser outra coisa ? Agora posso ver que todas, menos esta, eram ruins. Cartas de amor ruins imploram pelo amor, cartas de amor boas não pedem nada. Esta, tenho o prazer de anunciar, é a minha primeira carta de amor boa para você. Porque não há nada mais para você fazer. Você já fez de tudo. Já tenho memórias suas que durarão para sempre. Por favor, não se preocupe comigo. Eu estou “perfeitinho”de verdade. Tenho tudo.
Se eu tivesse um desejo, seria de que a sua vida desse a você o gosto da alegria que você me deu. Que você sinta o que é amar.

De seu amigo eterno,
Will.

Trecho do filme Waiting For Forever que eu vi esses dias. E amei.

maio 13, 2011

Vontades aleatórias

Algumas vezes eu enlouqueço e quero mudar tudo, absolutamente tudo. Ok, absolutamente tudo não. Tem coisas e pessoas que eu quero guardar. Enfim, eu, de repente, quero mudar. Jogar tudo o que tem no meu armário fora, mudar de colégio, de casa, de bairro, sei lá. Mudar de ares, conhecer pessoas novas, ter novas experiências. Aventuras. Mas não quero que me freiem, quero frear sozinha. Eu queria por apenas um tempo poder agir por impulso, não como eu faço na maior parte do tempo : pensando. Porque às vezes eu faço isso, penso demais. Agir sem pensar, não me preocupar com nada apenas sentir essa brisa acariciar o meu rosto. Eu quero aquele sentimento de leveza na alma, cabeça livre, um colo ou um peito pra deitar... Apenas fechar os olhos e sentir, sem pensar no que vai acontecer dali 5 minutos. Ou 5 horas. 5 dias. 5 anos. Tanto faz...

maio 07, 2011

É claro que tu vai dizer que nunca soube o que eu queria
E fica fácil pra você se agora já não vale o que passou.
Os teus amigos, meus amigos, não conseguem dizer nada.
Os meus amigos, teus amigos, dizem que não sabem mais quem eu sou.
A verdade é que eu me sinto fraca. Eu sinto como se talvez eu tivesse chegado no fim e que, agora, talvez não haja solução. Porque eu veria tudo com mais clareza em outras condições. Mas agora eu tenho que viver na incerteza, na duvida e talvez até na insegurança.

E talvez, também, seja assim que a gente se sinta depois de ter sido forte por tanto tempo, por ter aguentado tanto, ter suportado milhares de coisas quando a unica vontade era de se enfiar na cama e nunca mais sair. A gente suporta tanto que explode. Mas, sabe, eu não quero explodir, implodir, sei-lá-o-que-ir. E eu ainda preciso de tanta força. As vezes eu queria somente o seu abraço e um sussurro na orelha. "Tudo vai ficar bem". Essas palavras que poderiam cessar meus prantos, meus soluços. E quando eu penso, não preciso somente de você. Preciso de tanto, tantos e tantas. Chega a ser até absurdo.

Eu me perdi tantas vezes. Me encontrei tantas outras e em seguida tornei a me perder. Estou perdida e acho que acabei perdendo muita coisa. Espero poder me reencontrar.

maio 06, 2011

Saudade

Eu sinto essa saudade. Uma saudade meio anormal, não apenas das coisas que eu vivi, mas essa saudade que me emudece também por falta de todas as coisas que eu ainda não vi e/ou vivi. Eu insisto nela, me machuco, me levanto, relembro do que vivi, penso no que ainda vou viver e fico ali, com saudade.

Eu disse que não me apegava, né ? Mentira. PURA MENTIRA. Eu me apego demais, seja ao seu sorriso, seja à sua presença. Existem tantas coisas que eu viveria de novo sem hesitação nenhuma... As vezes me confundo sozinha, penso, repenso, não chego em conclusão nenhuma, rerepenso, choro, enlouqueço... Pois é, saudade.

abril 30, 2011

Eu lembro daquele dia como se fosse ontem, lembro de tudo...

Eu lembro de seus doces lábios e da pressão fina desses últimos sobre os meus que fazia um eco na minha cabeça que não parava de repetir "sim".

O calor crescia em mim, parecendo ondas de luz que incham antes de se quebrar, esse calor agradável, sem suor, me dava a sensação de flutuar. Os seus dedos que encontravam um caminho por entre meus cabelos, que desciam pela minha nuca e escorregavam pelos meus ombros, fazia o meu corpo todo estremecer. E eu, que sem ter decidido, me encontrava à passear minhas mãos sobre seus omoplatas, embaixo de seu rosto, sentindo aquele sua barba de dois dias, gostava de sentir o teu corpo estremecer também. Eu sentia uma sensação tanto desconhecida quanto deliciosamente nova.

Meu coração estava disparado, batendo em pânico de um jeito que eu nunca tinha o visto bater antes. TumTum - TumTumTum. Os batimentos eram tão fortes que era até doloroso. Mas era uma dor agradável. E eu, ali, rezava pra que esses batimentos, que naquele instante estouravam meus tímpanos, estivessem sendo ouvidos apenas por mim. Não sei como, mas tinha perdido o controle. De mim, dos meus pensamentos, da minha razão... Então eu sentia o seu coração panicando tanto quanto o meu sob a palma da minha mão, como se seus batimentos estivessem respondendo aos meus. Como se nossos corpos estivessem comunicando. Era incrivelmente desconcertante e incrivelmente delicioso. Era incrivelmente agitado, e ao mesmo tempo calmo e tranqüilo. Eu sabia que uma hora ou outra eu iria quebrar a cara. Mas eu estava pouco me fudendo pra tudo isso. Foda-se !

Apoiados contra o cimento daquele estacionamento que nos impedia de cair na rua e de nos espatifarmos contra o asfalto, contemplávamos o pôr-do-sol. As cores daquele instante ficaram marcadas na minha mente : aquela mistura de rosa, laranja, roxo. E os últimos raios de Sol que diziam adeus àquele dia maravilhoso penetravam por entre os prédios, e a gente apenas decidiu parar e olhar. Eu acho que poderia viver pra sempre naquele momento, com o seu braço em torno de mim, sentindo o seu cheiro de sabonete, roupa limpa e perfume doce e querendo saber no que você estava pensando.

Eu sempre adorei olhos claros. Mas em seus olhos castanhos eu encontro uma beleza que nenhum olho azul-piscina ou verde-grama tenha. Talvez isso seja devido à forma como você me olha, com aquele brilho, querendo ver além. E aliás, ali, naquele lugar, olhando todos aqueles prédios, eu sentia que você estava pronto pra me mostrar o mundo, cada pedacinho dele.

Jogávamos conversa fora, fazíamos planos e promessas que sabíamos que não durariam mais do que um mês. Mas, no fundo, também sabíamos que iríamos ter um longo tempo pela frente para poder realizá-los. Eu bebia cada uma das suas palavras. E talvez se você me tivesse dito que era agente secreto e que estava no país apenas pra proteger testemunhas de um caso ultra-secreto, eu teria acreditado piamente. A confiança tinha atingido o auge.

Lembro dos teus olhos detalhando meu rosto e, isso, pra mim, era a melhor das carícias que eu já tinha recebido. Lembro também de ter sentido a sensação de que você estava detalhando tudo, gravando tudo na sua cabeça pra não esquecer de nada. Eu lembro também daquelas palavras que dissemos. Aquelas palavras que saíram da garganta, passaram flutuando sobre a língua e acariciaram tanto os lábios de quem disse quanto as orelhas de seu destinatário. Aquelas palavras que me fizeram pensar que o meu lugar, o nosso lugar, era ali, e em nenhum outro canto do mundo. Eu. Você. Nós.

E, de repente, uma evidência me veio à cabeça, com tal potência que era até ridículo, que me dava quase vontade de rir. Ali, descobri o que eu quero. O que eu sempre quis. Todo o resto, cada segundo e cada dia que precediam aquele instante, o nosso beijo, as nossas conversas, não significavam nada.

E um tempo depois eu iria descobrir que não importa o que eu faça, eu sempre acabarei te procurando em outras bocas, em outros corpos enquanto não tiver entre teus braços, e enquanto eu não tiver minha cabeça descansando no teu peito.

E, sinceramente, acho que nem se eu tivesse me espatifado no chão e caido do alto daquele estacionamento eu teria ligado. E eu tinha apenas um pensamento na cabeça : "Eu vou morrer desse amor, eu vou morrer desse amor, eu vou morrer desse amor. E eu não ligo."

- Eu te amo. - ele sussurrou em sua orelha, num tom de confidência, como se fosse algo que eles deviam proteger.
- Eu também te amo. - ela respondeu sorrindo, sussurrando em sua orelha e em seguida contemplando o sorriso que ela tinha arrancado dele.

abril 21, 2011

Eu pensei em você hoje.
Admito que antes pensava mais, e que ultimamente tem sido raro. Mas eu quase chorei, em plena sala de aula, acredita ? Porque eu devia escrever sobre você, sobre o que você sentiu, e eu simplesmente não sabia. Toda filha geralmente sabe e eu devia escrever sobre isso. Mas como eu, com meu reles conhecimento sobre você, poderia saber ? Eu não quero mais cutucar essa ferida.
Professora, pra essa parte do trabalho, você pode colocar zero.
Eu olhei prum lado, pro outro. Não vi nada.
Quero dizer, claro que sim, várias pessoas estavam ao redor. Mas você não. Ou seja, não tinha nada. Nada daquele seu cheiro entorpecedor, nada da sua mão fazendo círculos imaginários com o dedo na minha calça, nada do seu sorriso, nada de nada...
Tentei olhar pra dentro. Não tinha nada também. Tentei sentir algo, e mais uma vez : nada.
Sentia tanta saudade, que estava anestesiada.

abril 10, 2011

Entre toda aquela espuma eu relaxava. A música estava tocando. Eu estava brincando com a espuma, quando aquela canção que você compôs pra mim começou a tocar. Na última semana meu hábito era de pular ela quando a lista aleatória decidia que devia tocá-la.

Mas naquela hora eu não pude pular a música, passar pra próxima e não lembrar de você. Tudo isso porque eu tinha colocado espuma demais na banheira e eu acabaria molhando todo o celular. Eu escutei-a inteira, e até te imaginei escrevendo a letra. Você tinha voltado pra minha cabeça. Mas eu não queria isso.

Deixei meu corpo escorregar na banheira, afundando minha cabeça na água, tentando não pensar em nada, escutando a calmaria que havia ali embaixo pra afastar esses pensamentos.
Quando eu tirei a cabeça d'água, eu não precisei dizer, pensar e nem expressar nada. As últimas palavras de uma outra musica falaram por mim : I just really miss you.
Eu gritei em silêncio. Gritei seu nome, gritei e esperneei pra demonstrar o tamanho da minha frustração. Porque eu lembrei do que você tinha me dito, da nossa conversa sobre isso. Gritei não apenas em relação a você, mas em relação ao mundo, à essa sujeira na qual a gente vive. A esse lodo que cobre todas as nossas ações. Ao nosso consentimento que desaprova inúmeras coisas coisas. A esse cedimento à contra-gosto.
Eu, você e eles queremos mudar o mundo. Dentro de todos nós existe uma revolução adormercida, uma sede de liberdade. Dentro de nós uma revolução está acontecendo, calada. Nossos ideais transbordam, nossas lutas talvez não levaram a lugar nenhum até agora... Mas ninguém disse que as coisas acabam aqui. É preciso ir além pra conseguir o que quer.
Acorde-a.

março 23, 2011

É difícil explicar, mas, quando alguém tinha ficado tão isolado quanto eu nesses últimos meses, se abrir à alguém me parecia tão fora do lugar quanto se despir na igreja.

março 17, 2011

extremos da paixão

Não, meu bem, não adianta bancar o distante lá vem o amor nos dilacerar de novo...

Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou "o que foi?" - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim : a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a) - mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo(a), há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo - porque se poderia ter, já que está vivo(a). Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é : NEVER.

Pensando nisso, pensei um pouco depois em Boy George: meu-amor-me-abandonou-e-sem-ele-eu-nao-vivo-então-quero-morrer-drogado. Lembrei de John Hincley Jr., apaixonado por Jodie Foster, e que escreveu a ela, em 1981 : "Se você não me amar, eu matarei o presidente". E deu um tiro em Ronald Regan. A frase de Hincley é a mais significativa frase de amor do século XX. A atitude de Boy George - se não houver algo de publicitário nisso - é a mais linda atitude de amor do século XX. Penso em Werther, de Goethe. E acho lindo.

No século XX não se ama. Ninguém quer ninguém. Amar é out, é babaca, é careta. Embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira : compreendo sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe, berrando de pavor para o mundo insano, e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó. O que ou quem cruzo entre esses dois portos gelados da solidão é mera viagem: véu de maya, ilusão, passatempo. E exigimos o terno do perecível, loucos.

Depois, pensei também em Adèle Hugo, filha de Victor Hugo. A Adèle H. de François Truffaut, vivida por Isabelle Adjani. Adèle apaixonou-se por um homem. Ele não a queria. Ela o seguiu aos Estados Unidos, ao Caribe, escrevendo cartas jamais respondidas, rastejando por amor. Enlouqueceu mendigando a atenção dele. Certo dia, em Barbados, se esbarraram na rua. Ele a olhou. Ela, louca de amor por ele, não o reconheceu. Ele havia deixado de ser ele : transformara-se em símbolo sem face nem corpo da paixão e da loucura dela. Não era mais ele : ela amava alguém que não existia mais, objetivamente. Existia somente dentro dela. Adèle morreu no hospício, escrevendo cartas (a ele: "É para você, para você que eu escrevo" - dizia Ana C.) numa língua que, até hoje, ninguém conseguiu decifrar.

Andei pensando em Adèle H., em Boy George e em John Hincley Jr. Andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que - se você não me ama : eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.

Ai que dor : que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa - muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, "o amor, caro(a) colega, esse não consola nunca de núncaras". E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins.

Cfa

março 08, 2011

Curto demais a mitologia grega, queria postar isso aqui.

A associação entre amor platônico e ascese fez com que o senso comum o reduzisse a amor que despreza o corpo. Há, entretanto, elementos presentes na obra de Platão que nos permite descobrir as riquezas do conceito de amor platônico. Um desses elementos pode ser extraído do mito relatado por um dos convivas do Banquete: Aristófanes. Segundo ele, em tempos imemoriais, a terra era habitada por seres esféricos com duas cabeças opostas e exatamente iguais, quatro braços, quatro pernas e duas genitálias. Uns com ambas as genitálias masculinas, outros com duas femininas e alguns com uma feminina e outra masculina. Havia então três gêneros de seres esféricos: o masculino, o feminino e o andrógino. Mutiplicavam-se como sementes, ou seja, enterravam-se no chão e daí brotavam outros seres tal como ocorre com as plantas, não empregando, portanto, suas genitálias para fins reprodutivos.

Por serem tão confiantes em sua força e coragem, essas criaturas decidiram invadir o Olimpo, a morada dos deuses. Irado com tal insolência, Zeus ordenou a Apolo que as castigasse, cortando-as ao meio a fim de se enfraquecerem, tranformando-os em humanóides. Cada ser passou então a ter uma cabeça, dois braços, duas pernas e uma genitália. Como as costas ficaram com carnes expostas em decorrência do corte, Zeus ordenou que Apolo pegasse as bordas da ferida e as esticasse, deixando apenas uma pequena abertura, o umbigo. Feito isso, Apolo girou para trás os braços, as pernas e a cabeça desses novos seres, de forma que eles, ao olharem para o próprio umbigo, lembrassem do castigo divino. A genitália, todavia, ficou esquecida na parte de trás.

Espalhadas pelo mundo, as metades perderam a vontade de viver: não mais comiam, nem bebiam e nem sequer "enterravam-se" para perpetuar a espécie. De tão deprimidas que ficaram, vagavam a esmo à procura de suas respectivas metades e, se ocorria de metades-irmãs se olharem, estas reconheciam-se de imediato e abraçavam-se intensamente uma a outra como se quisessem unir-se outra vez. E assim ficavam por tanto tempo que morriam. E a espécie foi desaparecendo.

Preocupado com a possível extinção da espécie, Zeus ordenou a Apolo que transpusesse as genitálias das metades para a frente, logo abaixo do umbigo, a fim de que, uma vez abraçadas, elas se unissem sexualmente. Ordenou, ainda, que a reprodução passasse a ocorrer pela cópula. É claro que apenas os seres esféricos andróginos foram "beneficiados" pela nova ordem de Zeus.

Esse mito transmite-nos uma série de pistas sobre o entendimento que Platão tinha sobre o amor. Temos aí um parecer sobre a natureza da homossexualidade, sobre a função do amor como remédio contra a violência, etc. Porém, o maior ensinamento está na idéia de amor complementar: Cada pessoa é uma metade que busca na outra o seu complemento, a sua alma gêmea, o côncavo e o convexo, a outra banda da maçã. O outro é responsável direto pela felicidade do eu. No amor complementar ama-se porque não se tem. O amor é um desejo de suprir uma imperfeição intrínseca ao eu. O amor complementar é a busca da perfeição, logo o amante é, por definição, um ser imperfeito: amo-te porque preciso de ti.

março 07, 2011

a nossa liberdade é o que nos prende

Hoje eu não duvido mais do seu amor. Aliás, acho que eu nunca duvidei dele, que sempre foi algo verdadeiro ; nunca te vi mentindo pra mim. Ok, no começo houveram algumas mentiras, mas elas foram necessárias pra gente aprender, e com certeza, nós aprendemos muito com tudo isso.

Quando eu ouvi a sua voz no telefone, milhares de lembranças vieram na minha cabeça. E a gente rememorou acada uma delas naquela conversa que a gente não queria que terminasse nunca. Rindo de cada besteira e até brigando por um não lembrar de tal data ou de tal detalhe. A sua risada, doce, agradável e natural, continua sendo música pros meus ouvidos, e o seu jeito de falar ainda me encanta.

Apesar de tantos anos terem passado, nós dois ainda temos a mesma esperança de que um dia a gente vai reviver tudo. Talvez nem reviver, fazer acontecer o que na época não pode acontecer. A gente aprendeu muito durante todo esse tempo, a gente conheceu mais um do outro, a gente aprendeu a viver com os erros e defeitos, compreendê-los. Convenhamos, nós dois não somos lá pessoas tão fáceis de lidar assim.

Você me conhece, me conhece como ninguém. Você conhece aqueles meus detalhes ocultos, você lê entre as minhas entrelinhas, você sabe que elas falam mais do que qualquer palavra. Você ri das minhas piadas sem graça e diz o quanto eu sou ruim pra contar piadas, mas que você gosta de mim mesmo assim . Você conhece algumas das minhas reações, mas ainda diz que eu sou uma caixinha de surpresas, que eu nunca vou reagir da mesma forma, e que é uma das coisas que ainda te faz ser preso à mim.

Eu te conheço. Eu sei quando você mente, eu entendo as suas ironias e eu sou uma das poucas que ri das suas piadas e trocadilhos babacas e bestas. Eu sei que o seu esporte favorito é me provocar e me cutucar até eu perder a cabeça. Você me faz sentir ouvida, entendida, besta e querida. Eu sei que você aprendeu a me dar a dose certa de mel, e a dose certa de sal, e é uma das coisas que ainda me faz ser presa à você.

Sabe aquela coisa de sentir que ainda vai acontecer ? De sentir que é preciso viver, mas que também nossos caminhos ainda vão se cruzar ? E a gente sabe muito bem disso. Como você já disse, mesmo se a gente se gosta, um de um lado e o outro do outro lado do mundo, não tem essa de ficar se prendendo, a gente tem que curtir.

Alguma coisa me diz que você é a pessoa certa, mas que eu ainda tenho muito tempo pra me apaixonar, me iludir e desiludir, pra viver. Mas nada é certo. Talvez eu encontre um outro alguém, talvez você também. Talvez nós dois estejamos errados, e as temporadas dessa nossa história que parece série de televisão (juro que se eu escrever tudo o que aconteceu dá até script pra Malhação) não aconteçam.

Enfim, nada é certo nessa vida. Mas de tudo que aconteceu, eu só guardo lembranças doces de você: do beijo na escada rolante pra todo mundo ver até o beijo escondido na escada do prédio ; do carinho e cafuné na cabeça até os tapas de brincadeira ; das brigas e palavras, ditas tão precipitadamente que machucaram mesmo não sendo verdadeiras, até as lágrimas e desculpas. Pois é, tanta coisa né ? A gente tem uma história. Ela com certeza não é a história perfeita, talvez nem a mais bonita, a mais agradável ou a mais interessante ; mas com certeza a mais importante, pra mim e pra você, já que ela fala de nós dois. será, ainda não acabou.

fevereiro 21, 2011

Eu poderia, sei lá, estar lá fora, fumando, numa festa bebendo, numa cama com um cara que eu nunca mais verei em toda minha vida, poderia estar em outra vida, em outro estado, cidade. Eu poderia estar lá, mas eu estou aqui. Eu posso reclamar o quanto eu quiser, posso gritar, espernear, culpar todo mundo e absolve-los todos logo em seguida. Mas as coisas que acontecem na vida, seja cair no meio do centro da cidade, seja falar mal de alguém alto demais sendo que a pessoa está logo atrás de você, seja cometer o mesmo erro pela milésima vez, qualquer uma de todas essas coisas ou tantas outras, no fim do dia, te faz pensar. Se você não tivesse caido, ou falado, ou cometido o tal erro de novo, no fim do dia você iria apenas deitar na sua cama, colocar a cabeça no travesseiro e dormir. Você iria acordar, fazer as coisas perfeitas de sua rotina perfeita, ter tudo o que você sempre quis e acabou. Você seria uma pessoa estúpida que nunca pararia pra pensar nas possibilidades, numa evolução. Mas se você faz tudo isso, no final do dia, ao deitar na cama, você vai pensar naquela pessoa que te ajudou a levantar, ou no fato de talvez aquela pessoa não ser tudo aquilo que você disse, quem sabe ela não passou por coisas difíceis ? E o famoso erro, quem te diz que não é uma repetição pra que você não esqueça tal coisa, pra que você se esforce mais, pra que isso te persiga até o dia em que o erro será o acerto ?

Todos nós passamos por tempos ruins, alguns longos, outros curtos. Mas tudo isso é sobre o quanto você pode aguentar, o quanto você quer tal coisa pra mostrar a si mesma que tem força de vontade o suficiente pra ir até lá, ou esperar. Ou então no meio do caminho perceber que na verdade não era nada disso que você queria. Se tudo fosse perfeito, o bom não teria graça. E o ruim tá ai pra isso, te fazer valorizar e reconhecer o bom quando ele chegar.

fevereiro 11, 2011

begging

Eu lembro daquele dia, não faz muito tempo, mas eu sinto como se daqui não importa quanto tempo essas imagens ainda estarão frescas em minha memória.

Era uma quarta feira à tarde, e como todas as quartas, nós não tínhamos aula. Você veio em casa, e a gente ficou conversando, a chuva nos impedindo de ir lá fora. Ficamos conversando durante um bom tempo. Em seguida, eu fui terminar o maldito trabalho no computador, enquanto você, atrás de mim, ficava brincando com o violão.

Você reclamava, dizia que eu estudava demais, e tentava tirar minha concentração tocando as musicas que eu mais gosto. Você tocou a minha predileta, e eu não consegui mais aguentar. Sentei no tapete e comecei a cantar com você, nossas vozes se unindo em uma só mesmo com as notas mais erradas.

Eu pedi pra você parar e abrir a janela. Deitei no tapete e perguntei se você conseguia tocar essa musica também : a da chuva. Você tentou fazendo-o dos jeitos mais absurdos possíveis, com acordes inexistentes, e eu ria. Você sentou no tapete junto comigo, e eu coloquei a cabeça em cima de suas coxas. A gente começou a cantar musicas sem saber a letra, a rir inventando outras. Começamos a cantar aquela musica. Eu fechei os olhos e me distrai.

De repente meu coração começou a bater cada vez mais forte. Eu senti borboletas, milhares delas na minha barriga. Senti uma calma, uma perda de consciência. Eu agora estava nas nuvens, tocando cada uma delas.

Você tinha me beijado. E foi ai que tudo começou.

janeiro 30, 2011

Se você parar pra pensar, a vida não é bela e cheia de oportunidades ? É apenas questão de saber aproveitar cada uma delas.

Existem milhares delas. As vezes, você, eu e todo mundo pensamos : e se as coisas tivessem acontecido de outro jeito ? E se eu não tivesse feito isso, isso e aquilo ? Na maioria das vezes a gente pensa que fazer certa coisa, anulará uma outra ou fará com que percamos algo pra sempre. Não é baboseira sobre o destino, sobre culpá-lo, sobre dizer que tudo é assim porque é o destino. Não existe culpa, existe razão.

Eu acredito que em todas essas milhares de oportunidades que a vida nos oferece, todas são potencialmente boas, cada uma com seus prós e contras. O seu destino, é você quem faz e escolhe, sem suas ações ele não aconteceria apenas aleatóriamente. No fim, você apenas arca com as conseqüências de cada coisa. E cabe a você, e apenas você, mostrar que você é forte o bastante, ou tem força o bastante pra ir até o fim e conseguir. Porque, meu bem, ninguém pode lutar no seu lugar.

Nenhuma causa é perdida, tudo é questão de perseverança. Tudo é questão de deixar seu ego de lado às vezes, pra dar mais importância à outras coisas. Mas toda regra tem sua exceção, pra certas coisas existem limites ; vou dar um exemplo banal : você quer ir em algum lugar mas um amigo seu não quer, você pode insistir até certo ponto, depois vai acabar sendo encheção de saco se ele realmente não quiser. Entendem o que eu quero dizer ? Tudo é de uma delicadeza extrema, você precisa medir cada coisa. Ou quem sabe nem medir, e agir como você quer, como você sente que deve agir, e ir assim : na sorte. Dando um salto sem saber onde vai cair e esperando agarrar alguma coisa - ou alguém - nos ares para que, de alguma forma, vocês se mantenham suspendidos.

Você já parou pra pensar que, nesse exato momento, existe alguém, sabe-se lá diabos em que lugar do mundo ou do universo esse alguém se encontre, com quem você passará o resto dos seus dias ? Duas pessoas que não se conhecem hoje, talvez em alguns anos estarão prontas a dar a vida de uma pra outra.

Ou quem sabe não é alguém proximo ? Alguém que você nunca imaginou ?

Não tô quernedo prever o futuro, e nem falar apenas de amor ; o que eu estou querendo dizer, é pra pras pessoas PARAREM DE SE CULPAR PELO PASSADO. Talvez se certa coisa tivesse dado certo, você não estaria aqui hoje, não teria o que tem. E não estou falando de coisas materiais. E se você me disser que não tem nada, te provarei que você tem pelo menos alguma coisa. Você nunca estará sozinho ou sem mais nada. Lembranças não são materiais, muito menos sonhos ou força de vontade. Mas são uma das coisas mais importantes que você tem. E que por mais que o mundo seja sujo e sem escrúpulos, ele não pode tirar isso de você. Quem sabe se você não tivesse passado pelo que passou, você não pensaria do jeito que pensa nesse exato momento, você não teria aprendido o que aprendeu, não teria evoluído como pessoa por mais dolorosa que essa evolução possa ter sido. Quem sabe, quem sabe... São infinitas possibilidades !

Ninguém deveria parar de tentar.

Galera, vocês tem uma vida pela frente, cheia de oportunidades, cheia de novas escolhas ! Alguns pensam que todas as escolhas que eles fazem são erradas, pessoas se cansam e perdem a esperança. E eu não as culpo, isso acontece. Mas é nesses momentos de perda de coragem, que nasce a primeira flor do jardim.

Existem sim escolhas erradas, vidas perdidas. Mas podemos culpar alguém ou alguma coisa por isso ? Não. Cada um tem sua essência e acaba aprendendo com cada coisa, evolui. Acredito que no mundo cada um tenha o seu papel, e que de alguma forma cada pessoa seja feita para contribuir pelo menos com um mínimo nesse todo. E todos nos contribuímos, sem saber.

Pra mim, a vida vai muito mais além do que nós achamos. Muito além da primeira respiração, ou do último batimento cardíaco.
E sou profundamente amada por alguns meses, até o garoto segurar firme a minha mão e dizer "nós somos inseguros e queremos uma garota normal". E então eu me pergunto se não deveria lobotomizar meu cérebro pra pensar menos, lobotomizar meu coração pra sentir menos, lobotomizar meu espírito pra estar agora menos obcecada pelo seu joelho magrelo. E então eu falaria pouco, teria alguma profissão sonsa dessas que a pessoa fica em cima de apostilas na madrugada ao invés de estar abaixo das estrelas e você poderia me dar a sua mão magrela e nós andaríamos pelas ondinhas secas que fazem bordas de espelho para nossas pernas que seguem juntas. Ou, se ser escritora fosse forte demais, que eu começasse então a escrever sobre o velho e o cachorro. Quem quer bancar a menina que escreve sobre suores e joelhos e cheiros? Eles são inseguros e querem uma garota normal, entende? Você agora penteia o cabelo pra trás, a gotinha de suor pinga na areia fazendo uma lágrima. Você se levanta e vai nadar sozinho. Antes, você se esbarra inteiro no meu corpo, como sempre faz só pra me atordoar e só porque é bem legal ter uma mulher como eu prestando tanta atenção em vocês. Vocês saberiam melhor o que fazer se eu fosse normal, mas algo dentro dessas covardias machistas simplórias e primatas ainda consegue distinguir como é bem legal ser admirado por uma mulher como eu. Antes de me deixar pirando em toda a sua magreza que flutua pelo mundo como uma música leve e impossível de tirar do repeat, você olha pra trás e diz: "mas deve ter alguém que não tenha medo". E eu jamais poderia escrever sobre o velho e sobre o cachorro, até porque eles desapareceram e eu nem percebi.

TB

janeiro 29, 2011

Eu queria conseguir explicar tudo o que eu penso.

janeiro 10, 2011

queda livre

Acho que consigo contar nos dedos de uma mão quantas vezes eu escrevi sobre você. Digo, falando sobre o que eu sinto, essa coisa boa ; que chega a ser até aconchegante.

Admito que me faltam palavras e que, agora, enquanto escrevo, sinto esse nó na garganta. Sinto tanta saudade que estou anestesiada. Eu tenho uma dificuldade enorme em descrever tudo o que eu sinto e senti. E não sei porque.

Te acho tão forte e ao mesmo tempo tão frágil que sinto uma necessidade em te abraçar, te proteger mesmo com um tamanho e força insignificantes. O que eu sinto não é algo que eu queira gritar ao mundo inteiro. Não por vergonha, medo ou qualquer outra coisa, porque não sinto nada disso em relação a esse sentimento. É que eu tenho vontade de dizer só e apenas pra você. Com outras pessoas, acho que sempre tive essa necessidade de afirmar o que sinto, dizer que quero dizer à todo mundo, todas as pessoas do mundo.

Mas com você, eu não tenho essa vontade. Eu tenho vontade é de sussurrar um "eu te amo" clichê na sua orelha, como se fosse um segredo só nosso, sabe ? E de qualquer forma, eles não entenderiam nada do que nós, apenas com um "oi", entendemos.

Toda a conversa no telefone, nas entrelinhas eu só escuto "estou com saudades, sinto sua falta, te amo", como se fossem gritos, como se as palavras estivessem ali, pulando e flutuando, e a gente tentasse protege-las.

Eu gosto de quando você se sente à vontade sendo você mesmo comigo, eu gosto de quando a gente sobre nada, dizendo tudo. Gosto dessa liberdade em poder te contar tudo sem medo, sem pensar "mas o que é que ele vai achar ?". Gosto de não medir minhas palavras e dizer tudo sabendo que você vai entender.

Eu sinto saudade. Uma saudade apertadas e filha da puta. Sinto saudade do seu abraço, do seu beijo e do seu jeito de me tocar. Do seu jeito de me proteger e me olhar. De falar comigo e me olhar nos olhos. E agora, algo me falta. Algo de tirar o fôlego.