eu tentei, eu juro que tentei, mas não consigo. eu tentei esquecer tudo isso, tentei deixar pra trás, seguir sem você. mas não dá. parece que uma parte minha ficou em você, e que eu peguei uma parte sua. falando assim, parece que essa... coisa corrói todos os dias, mas não é assim. eu vivo normalmente, mas tudo leva meus pensamentos até você. tudo me leva à pensar o que poderia ter acontecido se o destino não tivesse interferido, se meu coração e cabeça não fossem loucos, se meus sentimentos fossem normais e minhas vontades menos impulsivas. ao contrário de todos os (poucos) relacionamentos quase duradouros dessa minha vidinha, a gente parece estar ligados de uma forma que chega a ser até estranha. não é como se a gente só falasse de nós dois, como se a gente se lamentasse da saudade toda hora. não sei, é diferente, sabe? é como se a gente tivesse opiniões tão diferentes que elas chegassem à ser até iguais. apesar de tudo, nós somos amigos, nós nos ajudamos, nós acabamos formando uma ligação diferente das outras. a gente sabe o que nos aguarda, então nós vivemos. de que serve esperar, sem fazer nada? vamos esperar, mas transformando essa espera em algo útil. em aprendizado.
e aliás, aprendi muito com você. aprendi que depois da guerra, pode vir o amor, mas que mesmo assim nada impedirá uma eventual volta da guerra. que a mudança pode ser interessante, e trazer novos pontos de vista, novidades, novos jeitos de encarar as coisas, que a distância sentimental te vez enxergar coisas que você nunca viu numa pessoa. que tudo, quando se trata de sentimentos, pode acontecer, que o destino pode bagunçar, que o jogo pode virar. que nada é previsível.
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